Mesmo tendo governado a Paraíba por duas vezes, realizado obras marcantes na administração do Estado e se destacado nacionalmente como um dos intelectuais mais brilhantes, o ex-governador Tarcisio Burity não é nome de rua,não tem uma praça com o seu nome e tampouco teve direito a um espaço minúsculo para guardar seu acervo e permitir às gerações futuras a consulta aos documentos,livros e fotografias que retratam a sua história.
A revelação, com ar de desabafo, foi feita ontem pela viúva do ex-governador, Glauce Burity, durante entrevista ao programa Politicando,da TV Master.
Glauce não entende essa indiferença das chamadas autoridades para com seu falecido marido, quando, com relação a outras figuras da política paraibana,esbanja-se homenagens, a exemplo do que acontece com o ex-governador Ronaldo Cunha Lima, apontado por ela como o principal responsável pela morte de Burity, que batizou o Centro de Convenções e está prestes a ter o nome colocado num dos anexos do Senado, em Brasília.
A viúva de Burity revelou que até o acervo do ex, com milhares de obras literárias, está mofando numa sala do Espaço Cultural, a espera de que se inaugure o memorial Tarcisio Burity, idealizado por ela no Governo de Maranhão, que teve data de inauguração marcada, mas cuja inauguração foi adiada por causa da morte de Ronaldo e de lá para cá não se falou mais nisso.
Ela informou que está pedindo uma audiência ao governador Ricardo Coutinho, em quem votou e para quem pediu votos, a fim de lhe pedir que, agora com o Espaço Cultural reformado depois de mais de 30 anos de abandono,seja inaugurado o memorial do seu esposo.
O ATENTADO
O ex-governador, segundo dona Glauce, era um homem sadio, amante da boa música e da arte, que nunca fez mal a ninguém, mas que depois do atentado a bala sofrido no Gulliver, se transformou num homem angustiado, depressivo e que não entendia como, sendo o que era, recebera a agressão do poeta campinense.
Ela lembrou que até então as famílias Burity e Cunha Lima se entendiam muito bem, que Burity como governador sempre prestigiou Ronaldo que era prefeito de Campina, mas que, graças a fofocas de assessores bajuladores, a coisa terminou em tragédia. Segundo dona Glauce, Burity começou a morrer com os tiros disparados por Ronaldo.