Questionado pela entrevistadora Joice Hasselmann se já havia visto “algo semelhante na história moderna do mundo”, Gilmar respondeu que, “em relação aos países civilizados, certamente não”. Recentemente, o integrante da Corte Suprema afirmou que o processo do chamado ‘mensalão’ deveria ser julgado como pequena causa diante do escândalo de propina descoberto pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Gilmar, que trava há oito meses o julgamento de financiamento público de campanha, depois de ter pedido vista no início de abril, quando o placar registrava 6 a 1 pelo fim das doações privadas a campanhas políticas, tocou no assunto: “ah, e não adianta vir com o argumento de que esses furtos e roubos ocorrem por conta do modelo eleitoral ou isso é para o financiamento de campanha. Nós estamos vendo que não se trata disso”. Nas redes sociais, o ministro foi alvo da campanha #DevolveGilmar.
Segundo ele, “parte disso certamente tem a ver com o modelo de financiamento de campanha, caixa 2, mas estamos vendo que certamente há outros destinos para esses amplos recursos que são desviados”. Gilmar caçou dos críticos: “Porque aí vem inclusive a questão que está posta no plenário do Supremo. ‘Ah, se nós decidirmos que as empresas não poderão mais doar, então está resolvido o problema da corrupção no Brasil’. Merece prêmio de cândido ou ingênuo aquele que sustenta esse tipo de tese”.
Questionado se não é “um risco” o julgamento do caso agora por um plenário cuja maioria foi indicada pelo governo do PT, Gilmar começou com mais cautela do que em declaração recente – quando disse que o Supremo corria o risco de se tornar uma corte bolivariana por ter maioria indicada por presidentes petistas. Segundo ele, “é preciso se reconhecer” que foi julgado o caso do chamado ‘mensalão’ com a maioria indicada pelo partido acusado no processo, embora tenha se acolhido posteriormente embargos que resultaram na revisão de penas dos condenados. “É possível que se façam escolhas adequadas, e muitas escolhas adequadas certamente foram feitas”.