Não reconheço mais a Paraíba em que nasci e que sempre esperei ver próspera, justa, fraterna, solidária, digna dos mais sagrados valores da cidadania e da democracia cultivados por sua gente boa e honesta.
Não reconheço mais a Paraíba de tão degradada que se encontra por conta da mentira, do engodo, do ludibrio e da mistificação que se fizeram instrumentos de ascensão social e política em minha terra.
Não reconheço mais a Paraíba em razão de tantos desvios de conduta e de recursos públicos, de tanto patrimonialismo nos escalões dirigentes, de tanta advocacia administrativa, de tanta depreciação moral no exercício do poder.
Não reconheço mais a Paraíba em que instituições e órgãos de controle e fiscalização acompanham passivamente a sucumbência da moralidade, da probidade, da honradez, da lisura e integridade legal dos negócios públicos.
Não reconheço mais a Paraíba onde nunca antes em sua história operou-se tamanho locupletamento a partir do domínio do poder e submissão de poderes constituídos a interesses privados.
Não reconheço mais a Paraíba na qual as concorrências públicas cedem lugar aos direcionamentos, às fraudes de todo tipo e sorte, do sobrepreço como regra à habilitação de licitantes de fachada e aos vencedores previamente acertados.
Não reconheço mais a Paraíba subjugada à prepotência dos autoritários, à arrogância dos soberbos, à intolerância dos preconceituosos, à empáfia dos boçais, à mediocridade dos idiotas que perderam a humildade.
Não reconheço mais a Paraíba por ver o meu Estado sob domínio de poderosos que tentam a todo custo e a qualquer preço judicializar a liberdade de expressão, criminalizar o direito de opinião, esmagar as possibilidades de divergência.
Não é essa a Paraíba com que sonho e pela qual me bato há tanto tempo, tendo a palavra sincera como arma para batalhar ao lado dos meus concidadãos que igualmente sonham com uma nova Paraíba de verdade.
Mesmo assim, enquanto puder, vida e alguma inteligência houver, jamais abandonarei essa trincheira, porque tenho a consciência limpa e, neste espaço, a chance de dizer aos nossos ridículos tiranos: nada tenho a temer, a não ser o correr da luta.
Paraibano de ouro
Vejam só, adiante, que grande notícia enviou-me ontem o Doutor José Mário Espínola, meu médico de coração.
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Prezado Rubens, nesses tempos magros de talentos da nossa Paraíba, quando só frequenta o noticiário nacional para dar notícia ruim, surge uma exceção, que é o jovem talento Felipe Abella Mendonça de Souza, filho do gastroenterologista Eurípedes Souza.
Pois não é que o guri conquistou Medalha de Ouro nas Olimpíadas Internacionais de Informática?!
Felipe é pessoense da gema e tem 18 anos de idade.
Em 2009, foi 1º na Olimpíada Brasileira de Informática e medalha de prata na Olimpíada Internacional de Informática realizado na Bulgária.
Em 2010, 1º na Olimpíada Brasileira de Informática e medalha de prata na Olimpíada Internacional de Informática realizado no Canadá.
Em 2011, 1º na Olimpíada Brasileira de Informática e medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Informática realizada na Tailândia, de onde retornará na madrugada do domingo próximo, dia 31.
Em mais de 10 anos de participação em olimpíadas internacionais, é a primeira vez que um brasileiro consegue uma medalha de ouro.
E se esse brasileiro é paraibano e pessoense, é uma glória e motivo de orgulho de todos nós. Vale a pena divulgar.
Um abraço, Zé Mário.
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Só vale, Doutor! E se eu fosse o Doutor Eurípedes exigiria das autoridades uma recepção de herói para o nosso Felipe, com direito a desfile pelas ruas da Capital em carro do Corpo de Bombeiros.
Em meio a tanta coisa ruim que vem acontecendo ultimamente na Paraíba, ele merece e a gente também. Temos o direito de desfrutar de um momento como esse, de glória e orgulho no melhor dos sentidos em razão de sermos conterrâneos de um herói como Felipe.
Apocalipse, Capítulo 13
Então vi subir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças nomes de blasfêmia.
E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder e o seu trono e grande autoridade.
(…)
Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias; e deu-se-lhe autoridade para atuar por quarenta e dois meses.
(…)
Também lhe foi permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe autoridade sobre toda tribo, e povo, e língua e nação.
(…)
E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como dragão.
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Essa quem me mandou (completa, não esses fragmentos apenas) foi o amigo Lex, acrescentando os seguintes questionamentos:
– Rubens, amigo dileto, fui levado a fazer esta leitura agora pela manhã. É o décimo terceiro capítulo do livro do Apocalipse de João. Veja que coisa interessante. Poderia esta profecia se aplicar aos dias atuais em algum lugar deste mundo em que vivemos? Quem seria o dragão e quem seriam as bestas? E quem seriam os bestas?