Empreiteiras envolvidas com 'Operação Lava Jato' doaram para campanhas de Cássio e Ricardo
Os cálculos incluem doações diretas pelas construtoras e suas divisões
O maior volume de doações para as campanhas de Ricardo Coutinho (PSB) e Cássio Cunha Lima (PSDB) na disputa pelo governo do Estado proveio de empresas do ramo da construção civil. Delas, pelo menos quatro foram citadas na operação Lava Jato, da Polícia Federal: Andrade Gutierrez, OAS S.A., Queiroz Galvão S.A. e Odebrecht. O montante investido por elas nas duas campanhas chegam a R$ 1,95 milhão. Os dados constam na prestação de contas final, entregue ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), na terça-feira.
Os cálculos incluem doações diretas pelas construtoras e suas divisões, bem como os repasses dos partidos políticos aos candidatos. Na campanha do governador reeleito, Ricardo Coutinho, doou a construtora Queiroz Galvão S.A., no montante de R$ 950 mil. Também foi declarado R$ 1.022,70, repassados pela Noberto Odebrecht S.A. a José Evaldo Costa, que repassou à campanha do socialista.
A campanha do candidato derrotado no segundo turno das eleições, Cássio Cunha Lima, também tem registro de doações da construtora Queiroz Galvão, no valor de R$ 500 mil, além de doações das construtoras OAS S.A. (R$ 300 mil) e Andrade Gutierrez S/A (R$ 200 mil).
Deflagrada em 17 de março pela PF, a operação Lava Jato desmontou um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. A Petrobras está no centro das investigações da operação, que apontou dirigentes da estatal envolvidos no pagamento de propina a políticos e executivos de empresas que firmaram contratos com a petroleira.
Somadas às empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, outras empresas do ramo da construção civil foram as que maiores valores doaram para as campanhas dos dois candidatos ao governo do Estado. A maior investidora foi a Via Engenharia, que doou R$ 2,6 milhões à campanha de Ricardo Coutinho e R$ 1,5 milhão para Cássio Cunha Lima.
Ainda para a campanha do tucano, doaram a construtora Marquise, no total de R$ 700 mil, a JBS S.A. (R$ 635 mil), CCB Construtora Central do Brasil S.A. (R$ 400 mil), Pacaembu Empreendimentos e Construções Ltda. (R$ 300 mil). E a EJS Construções doou R$ 100 mil para Ricardo.
Um dos coordenadores da campanha do tucano, Marcos Alfredo, disse que em uma campanha movimentada como a de governador, não há como fazer pré-julgamento sobre os apoiadores. “Nem se adivinhar que um determinado financiador da campanha será enquadrado numa eventual operação da polícia, principalmente levando-se em consideração que elas fizeram as doações dentro dos parâmetros legais. A presumível folha corrida dessas empresas não pode ser estabelecida como critério para aceitar ou não o financiamento”, destacou.
A reportagem do Jornal da Paraíba tentou contato telefônico com os coordenadores da campanha de Ricardo Coutinho, Célio Alves e Paulo André, mas os telefones de ambos estavam desligados.
EMPRESAS PARAIBANAS
Também contribuíram com altos valores empresas da Paraíba, como a Alpargatas e Moinho Dias Branco. A campanha do governador reeleito recebeu R$ 3,8 milhões da Alpargatas, sendo R$ 800 mil dados para a direção estadual do PSB e mais R$ 3 milhões para a direção nacional do partido, que foram revertidos para a campanha de Ricardo.
A Alpargatas contribuiu, ainda, com um total de R$ 2.762.849,26 para a campanha do tucano, provenientes de doações feitas a Rômulo Gouveia e à direção estadual e repassadas para a conta da campanha de Cássio. Já o Moinho Dias Branco auxiliou os gastos do socialista com R$ 100 mil e os do tucano com o dobro.
Jornal da Paraíba