Doleiro supostamente envenenado recebe alta hoje em Curitiba

Youssef foi hospitalizado após passar mal na carceragem e ficou internado na UTI

youseff

O doleiro Alberto Youssef, que estava internado desde sábado (25) no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, recebeu alta e retornou para a sede da Polícia Federal (PF) por volta das 8h30 desta quarta-feira (29). De acordo com agentes federais, que fizeram o deslocamento do doleiro, às 9h ele já estava dentro da cela. Youssef foi hospitalizado após passar mal na carceragem e ficou internado na UTI coronariana. Ele está preso desde março deste ano.

Youssef é acusado de chefiar um esquema de desvio e lavagem de dinheiro, estimado em R$ 10 bilhões, desvendado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ele e os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) entraram em um acordo de delação premiada. Com isso doleiro se comprometeu a dizer tudo o que sabe sobre o esquema de lavagem de dinheiro que chefiava, em troca de reduções nas penas que podem ser imputadas.

Os agentes informaram que no sábado ele teve uma forte queda de pressão arterial, causada pelo “uso de medicação no tratamento de doença cardíaca crônica”. Segundo a polícia, esta foi a terceira vez que Youssef precisou de atendimento médico desde que foi preso.

O último boletim médico, divulgado na terça-feira (28), já apontava para um quadro clínico de estailidade. Todavia, por motivos de segurança, os advogados de defesa não foram informados do exato momento em que o doleiro teria alta.

Ainda na terça-feira, Youssef recebeu a visita do advogado Tracy Reinaldet, que afirmou ao G1 que o doleiro se recuperou e ele está bem. “Mas ele continua fraco, vai precisar de medicamentos, de toda uma nutrição adequada, de fisioterapia, etc”, disse Reinaldet. Segundo o jurista, a Polícia Federal deverá fazer adequações na alimentação do acusado.

Depoimento cancelado

Youssef chegou a ser convocado para comparecer nesta quarta-feira à CPI mista da Petrobrás no Congresso Nacional. A presença dele chegou a ser autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos originados a partir da Operação Lava Jato, porém, após a defesa pedir dispensa sob o argumento de que ele ficaria calado e se recusaria a responder perguntas dos parlamentares, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI mista, decidiu cancelar o depoimento.

Ainda que o doleiro não tivesse apresentado problemas de saúde, Vital do Rêgo disse que o dispensaria do depoimento.

Boatos na internet

Após a notícia da internação de Youssef, boatos sobre um possível envenenamento e morte do doleiro circularam pela internet. A informação logo foi desmentida pelos advogados que o representam e também pelo hospital. A falsa notícia também foi criticada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Para ele, a difusão da informação falsa é “profundamente deplorável”.

“O que está acontecendo é um grande número de boatos e situações que ocorrem. Particularmente, um boato e uma situação que me chocou é que algumas pessoas diziam que Alberto Youssef teria sido envenenado e teria morrido”, disse.

O ministro também relatou que a Polícia Federal já foi “devidamente orientada” a investigar os boatos. Segundo Cardozo, a PF vai, “nos termos da lei”, pedir autorização para apurar o caso.

Operação Lava Jato

A operação Lava Jato foi deflagrada no dia 17 de março de 2014 em vários estados brasileiros e no Distrito Federal. A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que pode ter movimentado cerca de R$ 10 bilhões, segundo a PF.

De acordo com as investigações, a organização criminosa era liderada pelo doleiro Alberto Youssef. Ele e os procuradores do MPF entraram em um acordo de delação premiada. Com isso, ele se comprometeu a dizer tudo o que sabe sobre o esquema de lavagem de dinheiro que chefiava, em troca de reduções nas penas que podem ser imputadas. O documento que pede a absolvição do doleiro no caso do tráfico de drogas não cita o acordo de delação.

O acordo de delação premiada será homologado pela Justiça se, depois da fase dos depoimentos, ficar comprovada a veracidade das informações que Youssef fornecer. O acordo foi assinado um dia após a defesa revelar que o doleiro tinha essa pretensão.

G1