Bancários encerram greve em bancos públicos e agências abrem nesta quarta-feira

Agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal voltam a abrir após sete dias de greve

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Com apenas oito Estados que optaram para não retornar ao trabalho ontem, o Sindicato dos Bancários da Paraíba decidiu voltar ao trabalho hoje nas agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. A proposta da Federação dos Bancos, aceita pela maioria da categoria no Brasil, prevê reajuste de 8,5% nos salários, sendo 2,02% de aumento real (acima da inflação acumulada de setembro de 2013 a agosto deste ano). Foram oferecidos ainda aumento de 9% (2,49% acima da inflação) nos pisos salariais da categoria e 12,2% no vale-refeição. A greve durou sete dias.

Os bancários do Banco do Nordeste (BNB), em João Pessoa e Campina Grande, decidiram pela manutenção da greve.

Durante a assembleia geral realizada ontem à noite, na sede do sindicato, em João Pessoa, os bancários admitiram que o retorno ao trabalho na maioria dos Estados, principalmente os maiores como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, praticamente inviabilizou a manutenção do movimento, já que se tornou fraco para pressionar os bancos a apresentar uma nova proposta.

O próprio presidente do sindicato, Marcos Henriques, antes da assembleia ser iniciada, afirmou à reportagem que o retorno seria irreversível, pois não dependia exclusivamente da vontade da direção da instituição. O sindicalista disse ainda, que dificilmente os banqueiros irão apresentar uma nova proposta. “Não vem outra proposta”, disse, reconhecendo que a Paraíba poderia ficar isolada caso mantivesse o movimento.

Marcos Henriques explicou a autonomia do sindicato, cuja diretoria deliberou pela rejeição da proposta e continuidade da greve, indo de encontro às orientações do Comando Nacional. “Temos autonomia e devemos estar sintonizados com os anseios dos nossos representados. Mas também defendemos a democracia. Tanto que, assim como contrariamos a orientação do Comando, também tivemos diretores que defenderam a aceitação da proposta da Fenaban, ante a conjuntura atual, culminando com a aprovação da mesma e o fim da greve para a rede privada em nossa base”, afirmou o sindicalista.

Movimento intenso nos privados

Movimentação intensa de consumidores foi registrada no primeiro dia de trabalho após greve dos bancários, nos bancos privados. O empresário Luiz Adriano Andrade aproveitou o retorno e foi logo colocar os pagamentos em dia. “Ainda bem que essa greve não durou muito tempo, então o transtorno não foi tão grande. Agora é pagar tudo e ficar em dia com as contas”, contou.

A estudante Camila Coutinho esperou apenas 15 minutos para receber atendimento na agência do Bradesco na Epitácio Pessoa, na Capital. “Foi rapidinho, eu até esperava mais gente. Acho que as pessoas ainda não estão sabendo que a greve dos bancos privados acabou, ou então, deixaram para ir aos bancos no período da tarde”, disse.

Sem envelope

Já na agência da Caixa Econômica Federal, localizada na Avenida Epitácio Pessoa, os consumidores não estavam podendo fazer depósito bancário, pois não havia envelope. Segundo o bancário Carlos Hugo Carvalho, os envelopes acabaram e não foram reabastecidos. “Acredito que a greve deverá acabar em breve, pois em muitos estados os bancários já voltaram as atividade. Na verdade, não voltamos ainda porque queremos mais contratações. O Banco do Brasil e Caixa Econômica se comprometeram a contratar mais 2 mil funcionários, mas isso para o País todo é pouquíssimo e não concordamos. Quanto ao reajuste salarial consideramos que esse ano teve até um ganho real melhor”, relatou.

Procon analisará irregularidades

O Procon municipal vai concluir até o final de semana um relatório que será enviado ao Ministério Público com as irregularidades identificadas durante os sete dias de greve dos bancários em Campina Grande. Cerca de 35 notificações foram feitas aos bancos, principalmente nos públicos, por descumprimento de número mínimo de funcionários para atendimento, falta de envelopes para depósito e falta de abastecimento nos terminais eletrônicos. Durante a paralisação, em média cinco autuações por dia.

Mesmo com a greve tendo durado menos tempo do que a dos anos anteriores, o Procon deverá multar alguns bancos por desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor. Para o coordenador do Procon, Paulo Porto, quase metade das notificações foram provocadas pelo próprio consumidor, que foi o mais afetado pela greve. “Estamos concluindo até o final de semana esse relatório, e vamos enviá-lo ao Ministério Público, para que tome conhecimento dessas irregularidades. A média foi de cinco notificações por dia, e quase todas resultaram em autuações. É impossível saber quantos consumidores foram prejudicados com a greve, mas sabemos que foi um número considerável”, explicou Paulo Porto.

Os bancos públicos foram os que mais desrespeitaram o Código, inclusive ao desligar a opção de depósito nos terminais eletrônicos. Conforme o coordenador do Procon explicou, as multas variam de R$ 300 a R$ 3 milhões por não respeitar o que é previsto em lei. Porém, nem sempre as notificações resultam em multa. “Nós constatamos que em alguns dias não houve mesmo a questão dos envelopes, e nem a opção para depósitos. Alguns bancos serão multados por afrontar o direito do consumidor”, disse o coordenador.

Segundo o Procon, apesar dos sete dias de greve, a paralisação não foi considerada tão grave, nem resultou em grandes consequências. “Todas as instituições estavam com um número de funcionários bem menor, e que não chegava aos 30% previsto em lei, mas não foi nada considerado grave. Quando esse calendário anual de greves começou, há cerca de 10 anos, os abusos eram mais frequentes. Era impossível realizar depósito e não havia dinheiro nos caixas. Hoje em dia, eles estão menos desrespeitosos, e isso se deve bastante ao trabalho ostensivo do Procon”, analisou.

O primeiro dia após o fim da greve foi de grande movimentação nas agências. Algumas pessoas chegaram logo cedo, já prevendo o grande número de pessoas. Clientes que estavam com pendências burocráticas como problemas em conta corrente, abertura de poupança e solicitação de benefícios lotaram os guichês de atendimento. Mesmo para quem precisou fazer alguma operação no caixa eletrônico, os efeitos da greve ainda foram sentidos, especialmente por causa das longas filas enfrentadas.
Correio da Paraíba