Teremos concorrência? - Rubens Nóbrega

O Grupo Holanda divulgou nota ontem confirmando que pretende construir um shopping na Capital em terreno de mais de 120 hectares localizado no Altiplano, fazendo esquina com Mangabeira.

A nota informa que o shopping é apenas parte de projeto muito maior, um ‘bairro conceito’ dentro do qual caberiam residências, reserva ambiental, parque ao longo do Rio do Cabelo e um centro comercial.

O centro comercial terá 240 lojas, praça de alimentação, salas de cinema e uma capacidade de gerar 2.800 empregos diretos apenas na primeira fase de implantação. Com a contratação de temporários, a projeção é chegar aos 4 mil empregos.

Holanda também diz que o projeto teve “excelente aceitação” do prefeito Luciano Agra e se encontra atualmente “em fase avançada de análise” na Secretaria de Planejamento e Superintendência de Trânsito da PMJP.

A manifestação do Grupo Holanda veio a público, segundo a nota, por necessidade de esclarecer “recentes notícias, especulações e insinuações publicadas e externadas em alguns veículos de comunicação da Paraíba”.

Os Holanda merecem congratulações. Tanto pelo projeto como pelos esclarecimentos, embora este colunista tenha sentido falta, na nota, de informações adicionais que poderiam dirimir algumas dúvidas.

Estou sabendo, por exemplo, que esse projeto foi apresentado à Prefeitura desde agosto de 2006, quando Ricardo Coutinho era prefeito e o Grupo Holanda protocolizou “pedido de licenciamento para construir no entorno de Mangabeira um shopping que atenderia à zona sul da cidade”.

Botei entre aspas porque foi assim que fonte altamente qualificada me repassou as informações sobre o empreendimento dos Holanda, acrescentando o seguinte:

– O grupo possuía, então, 86 hectares na região onde hoje possui 122 hectares. Nunca recebeu o tal licenciamento para o projeto do shopping que, em função do aumento de sua área, foi redimensionado para algo bem maior, até chegar ao projeto atual com essa dimensão toda.

Pelo visto, em razão da falta de resposta ao pedido e de apoio ao projeto inicial, pode-se dizer que o hoje governador não deu ao Shopping Holanda a mesma excelente aceitação com que recepcionou o Mangabeira Shopping de Roberto Santiago.
Bem, mas isso é coisa do passado. Se RC não tem pelos Holanda a mesma consideração que tem pelos Santiago, já não importa tanto.

Importa saber agora que Mangabeira ganhará dois shoppings e cada um vai querer atrair mais clientes que o outro, cada um vai oferecer serviços e preços melhores que o outro, graças à salutar concorrência que se estabelecerá.

Confesso que fiquei animado ao ler a nota do Grupo Holanda, mesmo carente das informações adicionais, como disse, e apesar do meu amigo Gosto Ruim ter me soprado ontem à noite que vão botar gosto ruim no Shopping Holanda.

Perguntei a ele quem seria capaz de botar terra em um projeto tão bom e tão melhor do que aquele de Roberto Santiago, que o governador defende com tanto empenho e entusiasmo que até parece sócio.

Diante da minha pergunta, Gosto Ruim ficou só olhando pra minha cara e rindo, debochando da minha ingenuidade.

Ele não me disse de jeito algum quem teria interesse em atrapalhar o negócio dos Holanda, mesmo depois de eu dizer que o projeto desse grupo tem ainda a vantagem de não envolver troca-troca de terrenos do patrimônio público.

Esse Gosto é mesmo um cabra ruim.

Deu a molesta e ele não me disse quem poderia sabotar um projeto que, além de tudo, além de oferecer duas vezes mais empregos que o outro e significar um investimento cinco vezes maior que o outro, não exige contrapartida do poder público.

Refiro-me à contrapartida de R$ 70 milhões embutida na proposta de Roberto Santiago, posto que aquele seria, segundo avaliação do Conselho dos Corretores de Ióveis, o Creci, o valor do terreno da Acadepol que o governador Ricardo Coutinho quer trocar por um de R$ 7 milhões, no Geisel, para viabilizar o Mangabeira Shopping.

Depois dessa conversa inútil com Gosto Ruim fiquei com uma pulga atrás da orelha. Será que ele estava insinuando que o governador seria capaz de mandar engavetar na Prefeitura a licença que os Holanda estão pedindo?

Não, não acredito que Ricardo Coutinho, por truculência ou interesses nada republicanos, seria capaz de agir para eliminar essa grande e benéfica concorrência empresarial, que beneficiará ainda mais Mangabeira e toda a cidade.

Não, não quero acreditar que o governador teria essa coragem. Ou teria?

Justiça anula terceirização de hospitais

Foi aqui não. Ainda não. Foi no Rio. Vejam só, adiante, a sentença proferida pelo Juiz Renato Sertão, da 8ª. Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro (Processo nº 0049352-36.2011.8.19.0001) em mandado de segurança que tem como impetrantes os sindicatos dos Médicos e dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, Capital, e, como impetrado, o secretário municipal de Saúde de lá.

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Concedo a segurança para, confirmando e complementando a liminar, tornar nulo o edital de fls. 84/96 e seus anexos e proibir a celebração de contrato de gestão entre o Município do Rio de Janeiro e qualquer Organização Social com vistas à reformulação dos atendimentos médicos nos setores de emergência dos hospitais Souza Aguiar, Miguel Couto, Salgado Filho e Lourenço Jorge, e das unidades de saúde (PAMs) de Del Castilho e Irajá, referidos na peça de impetração. Sem honorários, na forma do art. 25 da lei 12.153/09. Condeno o Ente Público ao qual está vinculada a autoridade coatora nas despesas processuais. P.R.I. Dê-se vista ao MP (Ministério Público), com ou sem a interposição de recurso voluntário, e após subam os autos ao E. Tribunal de Justiça para o reexame em duplo grau obrigatório.

Indagação relevante do Professor Menezes

Caro amigo, neste final de semana chuvoso e de temperatura mais amena que nos faz lembrar Bananeiras e outras paragens do Circuito de Frio, uma indagação, para a lista das perguntas que não querem calar: Será que a Cruz Vermelha (laranja) também vai assumir o recém inaugurado Hospital de Traumas de Campina Grande ou ele já nasceu sem traumas administrativos e técnicos?