O Brasil conseguiu interligar 1,5 milhão de domicílios à rede coletora de esgoto em 2013, mas o número de lares sem o serviço ainda é de 23,2 milhões, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2013, divulgada nesta quinta-feira (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
De acordo com o levantamento, a proporção de domicílios com acesso à rede coletora de esgoto passou de 63,3%, em 2012, para 64,3%, em 2013, chegando a 41,9 milhões de unidades.
Entre os moradores que não têm acesso à rede de esgoto, 12,4% têm fossa séptica regular sem ligação à rede. Outros 18% dos domicílios têm fossa rudimentar, e 2,8% usam outro tipo artesanal de esgotamento. Já 1,5 milhão dos domicílios –2,4% do total– não possuem nenhum tipo de esgotamento, sendo 1,05 milhão apenas na região Nordeste.
O crescimento chegou, em 2013, a todas as regiões do país. “Destaca-se a evolução das regiões Sul, Norte e Centro-Oeste, que assinalaram crescimentos de 8,4%, 8,3% e 7,1%, respectivamente, no conjunto de domicílios atendidos pela rede coletora de esgoto”, diz o levantamento.
Apesar do crescimento, o país apresenta grandes desigualdades regionais. Norte, Nordeste e Centro-Oeste se mantiveram com médias inferiores ao percentual do país. A região Norte tem a menor proporção de domicílios atendidos, com 19,3%, enquanto o Sudeste continuou com a maior cobertura, quatro vezes mais que os nortistas: 88,6% dos domicílios.
A pensionista Maria Raquel, 61, mora no bairro de Cruz das Almas desde sua fundação, há meio século, e diz que o problema é histórico
No Nordeste, apenas 41,2% dos lares são ligados a fossas sépticas, segundo a estimativa da Pnad. Na capital de Alagoas, Maceió, o problema é exposto não só em bairros pobres, mas também em áreas nobres, como a orla. Na parte alta da cidade, nenhum bairro tem imóveis interligados à rede coletora, embora as novas construções estejam já adaptadas.
Na praia de Pajuçara, a reportagem do UOL flagrou uma língua negra em um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade, próximo à balança de peixe.
No bairro de Cruz das Almas, além de língua negra na praia, o bairro já teve rede coletora quase toda instalada, mas que ainda não funciona porque a estação elevatória de tratamento não foi concluída. Sem esgoto, a água utilizada é jogada na rua e vai direto para as galerias fluviais, sendo jogado depois no mar.
“Faz dois anos que concluíram a rede, mas não funciona. A água está nas ruas. Tem vezes que transborda e sai da fossa, contaminando tudo”, disse o militar Cláudio Pereira, 53.
Já a pensionista Maria Raquel, 61, mora no bairro desde sua fundação, há meio século, e diz que o problema é histórico. “Construí um batente mais alto porque quando transbordava, entrava água”, conta, mostrando a obra pronta para ligação à rede coletora, mas que ainda não funciona.
Condições de habitação
Outras condições de habitação também apresentaram melhora no ano passado, segundo a Pnad. O número de domicílios atendidos pela rede de abastecimento de água cresceu 2%, o equivalente a 1,1 milhão de domicílios a mais. Hoje, 85,3% dos lares tem o serviço.
Já o número de residências atendidas por coleta de lixo cresceu de 56,6 milhões para 58,4 milhões –alta de 3,2%, alcançando 89,8% do total de lares. Também cresceu 2,1% o número de casas atendidas pelo serviço de iluminação elétrica, chegando a 99,6% dos domicílios no país.
Intervalo de confiança
Por ser uma pesquisa por amostra, as variáveis divulgadas pela Pnad estão dentro de um intervalo numérico, que é o chamado “erro amostral”. Segundo o IBGE, não há uma margem de erro específica para toda a amostra. Para a Pnad 2013, foram ouvidas 362.555 pessoas em 148.697 domicílios pelo país.
UOL