POR Ilana Almeida
O que deveria ser apenas uma discussão de casal virou o fato político mais comentado dos últimos dias na Paraíba. Toda polêmica em torno do vídeo que foi compartilhado através de redes sociais, no qual o governador Ricardo Coutinho discute com a primeira-dama, Pâmela Bório, tem se tornado cada vez maior em decorrência dos desdobramentos dos fatos.
O governador e sua equipe poderiam achar que muitas pessoas – e a internet não permite calcular o número exato, isso é o que dá mais medo – iriam ouvir o seu tom de voz mais rude, dizendo que a primeira-dama iria ver o “doido” ou mesmo ela, dizendo que a palavra dele “é lei” e poderiam fazer um mau julgamento, sobretudo no momento em que ele é apontado pela dureza nos atos de governo. Uma imagem ruim num momento delicado.
Mas que mal tão grande haveria numa discussão pessoal por desentendimentos corriqueiros de uma família e seus filhos, numa situação em que supostamente a mãe levou o filho para casa sem avisar ao marido ocupado em alguma atividade? Mal nenhum se o PSB, no outro dia, não tivesse emitido uma nota à imprensa, na qual culpa o senador Cássio Cunha Lima pela divulgação de tal atrito familiar.
Nesse momento, a própria equipe de Ricardo tornou esse fato um assunto político com implicações que aumentaram significativamente de proporções.
Não fosse a dita nota, esse assunto não poderia sair do âmbito conjugal. Seria fofoca de desocupado. Mas não.
Agora o senador quer explicações, cobradas na justiça, sobre que provas levaram Ricardo Coutinho a concluir e acusa-lo de expor as feridas íntimas da Granja Santana. Quer saber e perguntou no debate realizado, ontem, pela TV Itararé de Campina Grande, aquecendo o assunto e levando quem não sabia do vídeo a buscar se inteirar.
Na oportunidade, Ricardo não respondeu. Preferiu voltar a questão da pensão que o tucano recebe, permitida por Lei a todos os ex-governadores, mas que foi destinada a Silvia Oliveira, ex esposa de Cássio, em 2013 com a permissão e assinatura da secretária da Administração de Ricardo. Pensão que ele, ao sair do Palácio da Redenção, também irá receber. Talvez não faça como Cássio, e não repasse para Pâmela, mas tem direito de receber.
Nesse ponto, Cássio sai na frente, porque não terá de dar muitas explicações a justiça sobre a pensão. Terá de dar, sim, a população mais interessada em saber sobre pensões vitalícias e até propor uma mudança.
Ricardo deverá se empenhar em buscar provas que indiquem a ligação de Cássio com a história diante das autoridades. Deverá responder por que envolveu o principal opositor das urnas na relação conjugal? E por que permitiu que a pensão do ex-governador fosse repassada a ex primeira-dama?
Se o PSB não tivesse enviado a nota acusatória, nem mesmo o senador Cássio Cunha Lima teria tocado no assunto porque tem telhado de vidro. E não atiraria pedra na telha de Ricardo. Só que a equipe que tomou a decisão de usar a “estratégia” não pesou as consequências da repercussão do assunto no âmbito político. Pessoas esquentando e requentando o assunto. O vídeo circulando cada vez mais. Porque a retirada dos sites, blogs e redes sociais públicas, conforme determinou o TRE, não impede o compartilhamento nas teias de redes privadas.
Ninguém sabe qual o juízo de valor que as pessoas irão fazer depois da tempestade dos últimos fatos envolvendo governadores e primeiras-damas. O que se sabe é que os debates estão cada vez mais pobres de propostas e rico em acusações vãs.