Contra Marina, por enquanto, nada pesa

Poeira alta

Por Laerte Cerqueira

Se não vier nenhuma ventania, a poeira eleitoral trazida pela ascensão de Marina Silva (PSB) não vai passar. As pesquisas divulgadas nas últimas e nas próximas horas devem trazer um cenário cantado em verso e prosa por especialistas, esta semana: Marina ainda atrás de Dilma e bem à frente de Aécio. Em alguns estados, entre eles, colégios eleitorais decisivos como São Paulo, já está disparada na frente da petista. O segundo turno se desenha, claramente, com o tucano fora do páreo e Dilma desesperada para “amaldiçoar” a mulher do coque.

Um exército de tucanos e petistas iniciaram nas redes sociais o ataque. Circulam e se multiplicam vídeos e textos que tentam mostrar o que há de pior no pensamento, postura e jeito da presidenciável. O vice-presidente Michel Temer, Lula, petistas do primeiro escalão, Aécio, ministros bombardeiam a rede e a imprensa com declarações que a colocam como autoritária, incompetente, inexperiente, fundamentalista, conservadora. As referências são diretas e indiretas. Mas, o resultado das pesquisas deve mostrar que os adversários da ex-seringueira vão precisar de uma munição mais eficiente.
Especula-se que pelo menos nesta próxima semana a diferença entre Dilma e Marina será de no máximo 6 pontos percentuais. Aécio tem até o dia 15 de setembro para reagir. Caso não consiga, pode arrumar as trouxas. Contra ele, depõe a pesquisa em Minas Gerais que o coloca apenas alguns pontos percentuais à frente da candidata à reeleição. Quem não é mineiro se pergunta: se ele foi tão bom lá por que não está dando uma “lapada” na petista?
Contra a presidente, a semana acaba melancólica com a mídia noticiando o péssimo resultado do crescimento da economia. Aliás, da retração econômica. A pior dos últimos anos. Mais do que nunca, ela tem uma luta dura contra um empresariado insatisfeito, nível de investimento baixo, uma elite com severas críticas e uma mídia partidária materializando o que há de pior na atual governança.
Contra Marina, por enquanto, nada pesa. Carrega o discurso da honestidade ainda impraticável, quimérica, mas sonhada por milhares de brasileiros. Leva nas olheiras sofridas o “grito” conciliador de quem deseja deixar pra trás o que se chama de velha política, aproveitando o que há de melhor no petismo e na seara tucana. O que, de alguma forma, diminui o medo dos que esperavam dela, apenas o radicalismo.
Há quem acredite que esse mundo da ambientalista é impraticável na política real. Mas dando a impressão de que está disposta a tentar e indo no embalo das circunstâncias, ela crava o pé num segundo turno e divide as chances de ser presidente com a ex-guerrilheira. O pais já mostrou que quer experimentar. Basta saber se Marina vai conseguir convencer que vale a pena o risco.