"Não tem como assinar embaixo num governo que pratica perseguição política, onde se verificou retrocesso na saúde, segurança pública e educação

Oposição dura

Por Laerte Cerqueira

O candidato ao governo da Paraíba pelo PSDB, senador Cássio Cunha Lima, é cada vez mais firme e duro no discurso de opositor. Toda resposta a uma pergunta à contragosto, ou uma questão sobre suas propostas de governo, traz uma longa calda de críticas ao governo atual. Sobre o seu rompimento com o adversário, Ricardo Coutinho (PSB), cravou: “Tivemos que fazer uma avaliação, ouvir o povo e reconhecer que não podemos apoiar um governo que apresentou atrasos, que oprime o servidor. Isso é a essência da democracia”, e completou: “não tem como assinar embaixo num governo que pratica perseguição política, onde se verificou retrocesso na saúde, segurança pública, educação.” Segundo ele não deu para fazer um rompimento antes, “logo no primeiro problema”.


Na entrevista concedida, ontem, ao JPB 2º Edição e ao G1 Paraíba, Cássio reforçou que deseja uma nova oportunidade porque está mais experiente, mais maduro e aprendeu com os erros. Reforçou que é ficha limpa. Espera, se for governador, estabelecer um ambiente de paz para conseguir aumento da renda, atrair investimentos e melhorar serviços essenciais na saúde, educação e segurança. Sobre a terceirização dos serviços da saúde, Cássio não confirmou se vai manter ou acabar com ela. Mas registrou que, se eleito, pretende auditar contratos feitos nos hospitais. Segundo o tucano, a terceirização em si não é um mal, desde que seja feita de forma honesta. E, mesmo com tempo curtíssimo, aproveitou os segundos para alfinetar: “denúncias gravíssimas do Tribunal de Contas da União e do Tribunal de Contas do Estado estão sendo apresentadas e o atual governo, simplesmente, ignora as denúncias e não as responde”.

Respondendo a um internauta do G1, Cássio destacou que em João Pessoa, as obras de saneamento básico estão entre as mais importantes de sua gestão. Uma referência ao programa ‘Boa Nova’. Também estão entre as obras estruturantes da capital, segundo ele, o início do processo para construção do Centro de Convenções. Sobre a segurança, destacou as ações que fez como governador para combater o crime e, para não perder a viagem, detonou a política de segurança do governo atual. Ainda destacou que vai enxugar a administração, colocar no governo pessoas muito mais técnicas e reduzir o número de secretarias. A Granja Santana, quer transformar em um espaço de convivência pública.

Como principal opositor, está azeitado e ácido. Consegue transitar entre a ironia e a emoção com uma rapidez impressionante. Usa frases elaboradas como chave, entre elas: “quero fazer um governo que restabeleça o diálogo com a sociedade”. Assim consegue, de maneira habilidosa, rebater críticas, apresentar propostas e acertar o alvo sem nenhuma pena. Às vezes, numa única resposta, tudo isso numa tacada só.

Fracos

O guia eleitoral para deputado federal mostrou, mais uma vez, uma sequência de trabalhos fracos e sem criatividade. Difícil o eleitor se sentir atraído pelo que viu.

Destaque

Destaque apenas para o guia do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), que não só investiu em imagens externas, valorizando seu trabalho como ministro, como explorou bem a questão humana.

Diferencial

Quem também buscou um diferencial foi o vice-governador Rômulo Gouveia (PSD). As cenas externas ajudaram a sair da mesmice e atrai a atenção do telespectador. Mas pode mais.

Falta

A gente sabe que nem todos os candidatos podem contratar uma agência para desenvolver um trabalho mais apurado, mas a sensação que se tem é que falta desejo de pensar.

Vergonha alheia

A propaganda de Wilson Santiago (PTB) com Luciano Agra (PEN) foi cara e é ruim. A ideia de unir a imagem do ex-prefeito ao candidato a senador não funcionou no ar. Um teatro mal feito, que dá vergonha alheia.

Licença

Nadja deixou claro que continua apoiando Lucélio Cartaxo (PT), candidato ao Senado. Pediu licença do PT e entregou o cargo que tinha no governo que tomou uma atitude que ela não concorda.

Sem regras

Não há nada mais imprevisível que as alianças políticas. Esta semana foi guardada para os enlaces um dia imponderáveis. O último: a advogada guerreira Nadja Palitot (PT) está com Cássio.

A ex-pré-candidata ao governo pelo PT, não concorda com a aliança do seu partido com o seu “inimigo”, ex-amigo, o governador Ricardo Coutinho (PSB). Estranhezas a parte, Nadja foi elegante e coerente na sua decisão.

Coragem

A advogada teve coragem de fazer o que muitos gostariam, mas não querem, não podem. “Existem várias pessoas que decidiram apoiar Cássio mas não divulgaram”, disse.

Azeda

A relação de Ricardo e Nadja é azeda desde que advogada levou Ricardo para PSB e sobrou na curva. RC tomou conta do partido que ela “comandava”, o PSB. O negócio ainda está engasgado.

Queda

Ainda sobre a decisão de Nadja, o também petista Frei Anastácio que não segue a orientação do partido e apoia Vital para o governo, disse que já tinha dito a Nadja que ela iria “cair do cavalo”.

Premonição

A “premonição” teria sido feita quando ela foi lançada pré-candidata ao governo com apoio do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo.