Pobreza de conteúdo na campanha eleitoral na Paraíba tem lógica perversa

POR JOSIVAL PEREIRA

Análise: Pobreza de conteúdo na campanha eleitoral na Paraíba tem lógica perversa

A pobreza da campanha eleitoral na Paraíba em termos de ideias, programas de governo e de espírito tem uma lógica meio perversa, além da baixa qualificação para a gestão pública ostentada por alguns candidatos e da falta de criatividade de outros.
A lógica é a do não comprometimento com a sociedade ou com segmentos sociais. Apresentar ideais mais ousadas e planos de governo mais elaborados implica em assumir compromissos com o eleitor e ser cobrando depois. Então, o melhor é não assumir compromissos. Ou se comprometer o mínimo possível.


Assim, os candidatos vão escolhendo a dedos as promessas que podem fazer. Geralmente, são promessas que podem ser realizadas pela metade. Ou bem menos. São os casos de promessas sobre a realização de concursos públicos. Promete-se em abundância, mas se faz de forma regrada, uma vez que é sempre possível se usar desculpas, a exemplo dos limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Outras promessas são genéricas. Garante-se resolver os problemas da segurança, saúde, educação e emprego, mas sem se dizer como.
Com o eleitor mais exigente, os políticos temem fazer as promessas mirabolantes que faziam antes, tipo pontes gigantescas ou a construção de milhares de casas populares. Às vezes, até arriscam, dependendo da necessidade da campanha, mas sempre correndo o risco de pagarem caro pelas promessas não realizadas. Há três casos emblemáticos na Paraíba: lá atrás, o ex-governador José Maranhão prometeu apagar o último candeeiro no Estado; o hoje senador Cássio Cunha Lima prometeu numa campanha passada reduzir a cobrança da taxa de esgotos na conta d’água, e o governador Ricardo Coutinho prometeu reduzir índices de violência em seis meses. Não são grandes promessas, mas criaram problemas para seus autores.
O eleitor não perdoa fácil e os candidatos parecem escaldados. Pelo que se tem até agora, a impressão que vai ficando é a de que os candidatos a governador na Paraíba preferem não arriscar. Tenta-se, ao máximo, não apresentar nada que possam ser cobrados depois. Talvez por isso a campanha esteja tão pobre de conteúdo.
Ruim, muito ruim, é que uma campanha pobre de conteúdo é prenúncio de gestão pobre de realizações.

por Josival Pereira