Piadas de mau gosto sobre tragédia são retrato de um momento em que 'vale tudo'

Por Andrea Ramal 

Acidente Eduardo Campos

Quase tão chocantes quanto a morte trágica de Eduardo Campos são os conteúdos desrespeitosos que rapidamente se espalharam pela web: piadas de mau gosto, teorias da conspiração, dedos apontando “culpados”, tudo em questão de minutos após o acontecido.

Isso vem ocorrendo com cada vez mais frequência nas redes sociais, seja qual for o acidente ou a tragédia da vez.

Como explicar tais reações, tanto de quem cria, como de quem aplaude e dissemina esse tipo de conteúdo disfarçado de humor?

Incapacidade de se colocar no lugar de quem sofre, gosto pelo que é bizarro e infame, curtição da desgraça alheia, indiferença absoluta pela vida e o sofrimento humanos?

Gostaria de convidar os pais a refletir: de que educação precisamos para reforçar outros valores, sobretudo neste momento da cibercultura, em que poderosas e velozes tecnologias digitais estão a nosso alcance e podem ser usadas com qualquer finalidade?

Pais, se vocês também sonham com um mundo melhor para seus filhos, fiquem atentos a essa formação ética. Cuidem de princípios que são imprescindíveis para a convivência social. Formem para a civilidade. Ensinem critérios éticos para guiar todas as atitudes da vida, inclusive o que se diz e se pratica na internet.

Não permitam que seus filhos se escondam atrás do anonimato para debochar dos outros. Ensinem o respeito, a empatia, o sair de si mesmo, a solidariedade.

Não se trata de ser conservador, reacionário nem apegado a tradições. Trata-se de formar pessoas que, simplesmente, optem livremente por não participar de nada que ameace ou despreze a dignidade humana.