A Associação dos Policiais Civis de Carreira da Paraíba divulgou nota à imprensa repudiando as declarações do secretário de Segurança Pública do Estado, Cláudio Lima, que em entrevista ao Jornal da Paraíba fez duras críticas à categoria. “Se você chegar numa delegacia agora será muito mal atendido. Esse caso é mais complicado, porque são agentes antigos, que na maioria dos casos estão insatisfeitos com salários e esperando, apenas, o momento para a aposentadoria.”
Confira a matéria do Jornal da Paraíba
“Eu confio mais nos meninos que na polícia”
“Eles são perigosos para quem vem de fora, mas aqui na área ninguém mexe. Eu me sinto protegida”, contou uma moradora da comunidade do Taipa, no Costa e Silva, quando perguntada se tinha medo da gangue existente na localidade. “Quer saber? Eu confio mais nos meninos (da gangue) que na própria polícia”, completou a moradora que, temendo represálias, preferiu ficar no anonimato. Apesar do relato, a maioria dos moradores da comunidades têm medo das gangues.
O estudo ‘Sistema de Indicadores de Percepção Social’, divulgado no início de junho, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelou que, no Nordeste, 26,7% dos entrevistados, não confia na polícia e apenas 5,8% afirmou confiar muito. A taxa é considerada alta, em relação às outras regiões do país. A pesquisa não divulgou o número de entrevistados.
A pesquisa mostrou ainda que, no Nordeste, 85,8% dos entrevistados disseram ter ‘muito medo’ de ser assassinado; 8,2% admitiram ter ‘pouco medo’; e 6% disseram não ter ‘nenhum medo’ de ser assassinado. A pesquisa é referente ao ano de 2009. No Nordeste, segundo o Ipea, é onde está a menor média de gastos per capita com segurança pública (R$ 139,60 por habitante).
O secretário de Segurança do Estado, Cláudio Lima, disse que o investimento em segurança pública é muito pequeno (sem especificar o valor per capita) e que vai receber R$ 20 milhões ainda este ano do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O recurso, segundo o secretário, será utilizado para reaparelhamento, reforma e construção de prédios. Em relação ao fato da população ter medo da polícia, Lima disse que “essa é uma realidade que existe há muito tempo e que nós recebemos várias reclamações”.
De acordo com o secretário, o Estado está trabalhando na capacitação dos policiais para que as abordagens sejam feitas de forma mais humanizada, com o intuito de diminuir o medo das pessoas. “Para aproximar a polícia da população estamos disponibilizando mais de 600 policiais destinados ao policiamento comunitário. É claro que o problema ainda vai persistir, por esse motivo, vamos fazer a reciclagem para os antigos policiais também”, explicou.
Conforme Cláudio Lima, a secretaria busca melhorar o atendimento da população também nas delegacias, pois “se você chegar numa delegacia agora, será muito mal atendido. Esse caso é mais complicado, porque são agentes antigos, que na maioria dos casos estão insatisfeitos com salários e esperando, apenas, o momento para a aposentadoria”.
Confira abaixo a nota na íntegra
ASPOL/PB – NOTA DE REPÚDIO
A ASSOCIAÇÃO DOS POLICIAIS CIVIS DE CARREIRA DA PARAÍBA – ASPOL/PB vem a público, formalizar veemente repúdio as supostas Declarações do Senhor Secretário da Segurança e Defesa Social contidas no Jornal da Paraíba na matéria “Eu confio mais nos meninos que na polícia” diz moradora…
Não acreditamos ser do Senhor Secretário as frases: “Se você chegar numa delegacia agora será muito mal atendido. Esse caso é mais complicado, porque são agentes antigos, que na maioria dos casos estão insatisfeitos com salários e esperando, apenas, o momento para a aposentadoria”. Se for, me desculpe à franqueza do que vem a seguir, mas o Governo do Estado precisa urgentemente mudar o Gestor da Secretaria de Segurança, o Titular da Pasta, pois este está afirmando diante da frase, a sua incapacidade de gerenciar o órgão.
Os Policiais Civis estão trabalhando e muito. Basta que se verifiquem os números atuais. Estão trabalhando não a mando do Secretário, e sim por respeito à População, por amarem a profissão e em atendimento ao pedido do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, o qual esperamos que possa enxergar e valorizar o nosso Profissional.
O profissional tem por obrigação, atender bem a população e caso não o faça, deve o gestor competente tomar as medidas Legais contra o mal profissional, e não fazer declarações que nada resolvem. O mal profissional não é privilégio da nossa categoria e existe em todos os órgãos de nosso País. Não se pode generalizar o descontentamento de algum, para culpar a todos, e sim tomar as medidas legais cabíveis. Com relação a “esperando, apenas, o momento para a aposentadoria”, informamos a todos, que o Policial Civil nem a isso está tendo direito. Ao invés de ser beneficiado ao solicitar a tão sonhada aposentadoria, como é feito na Polícia Militar onde ocorre Promoção e consequentemente Aumento Salarial, o Policial Civil está sendo impossibilitado de se aposentar, pois está sendo penalizado com perdas salariais absurdas, que chegam a quase 50% dos seus salários, estando a PB PREV a descumprir a Lei Complementar Federal 51/85, Artigo 1º I, que estabelece a Aposentadoria dos profissionais desta área com os Proventos Integrais, além de recente decisão do STF reconhecendo a recepção desta LC pela atual CF.
O que é Abordagem de forma humanizada? Em qual Academia de Polícia do País se aprende esta técnica? A abordagem que fazemos não é humana? Será que devemos nos basear naqueles fatos onde os Policiais foram abordados por CRIMINOSOS que mataram um Policial Militar com um tiro no pescoço, no Sequestro em andamento no Bairro Cabo Branco ou quando os PM’s foram recebidos à bala e baleados no Bairro Alto do Mateus ou no fato não divulgado onde Policiais Civis em investigação há alguns dias foram recebidos a bala no bairro São José em nossa capital, entre tantos outros? Existe uma diferença imensa em não conhecer as técnicas, a realidade e mandar, e em conhecer as técnicas, a realidade e principalmente, ter coragem para FAZER.
Administrar uma Secretaria não deve ser tão fácil quanto expor a vida, como fazem os Valorosos policiais Civis, com as condições de segurança que a Secretaria oferece aos seus Profissionais. Ao contrário de quem não vai as ruas expor a vida em defesa do cidadão e trabalha em uma sala com todo o luxo que o Cargo oferece, aos Policiais Civis faltam coletes a prova de balas, faltam armamentos adequados, faltam munições, faltam veículos descaracterizados para efetuarem investigações, faltam incentivos, faltam condições mínimas de trabalho e higiene na maioria das Delegacias, falta uma perspectiva de valorização do profissional e principalmente, faltam dirigentes que pensem e ajam como Verdadeiros Policiais.
Os Policiais é que estão com medo de seus gestores, pois o que enxergamos verdadeiramente é que está acontecendo uma inversão de valores onde o certo está errado e o errado, na opinião de alguns, está CERTO.
Nossos Policiais deveriam estar sendo PARABENIZADOS, pois cada Policial Civil hoje trabalha em média por cinco (5) policiais: Na maioria das cidades do interior do Estado, todo o trabalho das Delegacias está sendo feito por apenas UM(1) Agente de Investigação ou UM(1) Escrivão de Polícia Civil, que estão sobrecarregados, já não aguentando mais tanto descaso, desvalorização e desrespeito, exercendo até atribuições que não são de sua competência, sem receber a mais por isso, atendendo tão somente a solicitação do Excelentíssimo Sr. Governador e a tão carente de segurança população do nosso Estado. Senhor Governador, esperamos que possa enxergar e valorizar com o respeito devidamente merecido os nossos profissionais.
Portando, fica esta prática VEEMENTEMENTE REPUDIADA, externando o sentimento de revolta e indignação que está presente na categoria, ficando a assessoria jurídica desta entidade pronta para que sejam tomadas todas as providências Legais Cabíveis.
João Pessoa/PB, 13 de julho de 2011.
SANDRO ROBERTO BEZERRA
Presidente