Estradas: dados não batem

POR RUBENS NÓBREGA

Do Jornal da Paraíba

estradas

Não é segredo pra ninguém que o governador Ricardo Coutinho aposta alto nas estradas que diz ter construído para asfaltar o caminho de sua reeleição. Mas os dados que comprovariam uma formidável expansão da malha rodoviária do Estado de 2011 pra cá necessitam ser expostos de modo mais consistente, coerente e uniforme.
Isso para não sofrer contrapontos que podem vir a desmoralizar por completo toda a milionária propaganda do governo dos últimos três anos e meio, feita para convencer que nunca antes na história da Paraíba um governante investiu tanto em asfalto como o atual. Contrapontos como esse que exponho a partir deste ponto.


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A propaganda oficial do Governo da Paraíba diz que 2.200 km de novas estradas foram implantados na atual gestão. Já no Programa de Governo 2014 apresentado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB), o governador candidato afirma que são 1.224 km de novas estradas.
Mas, se utilizarmos dados do próprio Departamento de Estradas de Rodagem da Paraíba (DER-PB), mencionados em estudo do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), veremos que em 2008 o Estado da Paraíba tinha um total de 35 mil quilômetros de rodovias, dos quais 4.852 km estaduais.
Agora, se consultarmos a página do mesmo DER-PB na Internet e acessarmos o link ‘Resumo’, encontraremos que em junho de 2013 a malha rodoviária estadual tinha os mesmos 35 mil quilômetros, sendo 5.071 de rodovias estaduais, ou seja, apenas 219 km a mais do que há seis anos.

 

Sem resposta oficial

Afinal, qual a conta mais certa (ou a menos errada) de todas essas divulgadas sobre a construção de novas estradas na Paraíba? Tentei respostas do DER, mas o Superintendente Carlos Pereira, interlocutor natural para esclarecer tais questões, encontra-se afastado do cargo por licença médica decorrente de cirurgia a que se submeteu semana passada no Recife. Por i-meio, orientou-me procurar o Doutor Hélio Cunha Lima, o Super em exercício. Mas, como não tenho contato direto com esse dirigente, solicitei pelo Twitter oficial do órgão um endereço de correio eletrônico para repassar as informações sobre o desencontro de dados oficiais, com pedido de esclarecimentos. Tuitei com cópia para o governador, que naquela rede social assina @realrcoutinho. Até o fechamento desta coluna, às 20h30 de ontem, nenhum retorno. Se hoje ou depois chegar alguma coisa, terei a maior satisfação em publicar o que for enviado pelo governo.
Quanto à qualidade…

A mesma fonte que me abasteceu sobre as diferentes quilometragens fornecidas pelo governo para as novas PBs repassou-me também estudo sobre a qualidade de nossas rodovias. Realizado pela CNT – Confederação Nacional dos Transportes, referência na matéria, digna de todo o crédito e respeito, o estudo traz os resultados de 2013, o mais atualizado de que se dispõe, com base na avaliação das três principais características da malha rodoviária: Pavimento, Sinalização e Geometria da Via. Foram analisados 1.644 km de rodovias paraibanas, sendo 1.248 km de rodovias federais (76%) e 396 km de rodovias estaduais (24%).
Tá só começando
Confesso que não tenho mais idade nem paciência para aguardar – e comentar – resultados de julgamentos da Justiça Eleitoral que ainda vão passar por embargos, recursos e habituais chicanas de todas as partes envolvidas. Sei que alguns leitores dão o maior ponto e muito cartaz a esses episódios e eventos. Gostaria imensamente de poder contemplá-los com avaliações sobre o que se deu e conjecturas sobre o que pode vir adiante, em decorrência. Mas, assumidamente mais afeito a analisar fatos consumados, prefiro manter-me atento ao que acontece no mundo real do comum dos mortais. Afinal, nem tudo é campanha, nem tudo é eleição. Brasil, Paraíba e seus problemas continuam. Alguém precisa manter viva esta lembrança.