Macas traumáticas

POR RUBENS NÓBREGA

Além do privilégio e honra que generosamente me concedem, alguns colaboradores deste espaço contribuem regularmente para facilitar e qualificar enormemente a coluna. A edição de hoje é um belíssimo exemplo do que afirmo, a partir das mensagens e comentários que compartilho adiante, começando pelo Professor Menezes. Ele aborda o trauma das macas do Hospital de Trauma de João Pessoa, ilustrando-a com criativa charge do nanihumor.com com que também brindo os leitores.
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Caro amigo, navegando pelos mares internetianos como sempre faço, encontrei no blog Jornal da Besta Fubana esta charge que, ao meu ver, aplica-se inteiramente à situação de nosso eficientíssimo Hospital de Trauma e Emergência Senador Humberto Coutinho de Lucena, especialmente depois de ler o que os jornais desta manhã publicaram sobre a situação das macas retidas por lá.


A minha reação inicial foi de considerar as afirmações das autoridades ditas competentes que elas estariam fazendo galhofa, principalmente quando mencionam que um dos problemas existentes é a longa fila de ambulâncias retidas no pátio com o giroflex ligado, chamando a atenção de muitos para essa retenção. Isto me fez pensar que a administração do hospital vai resolver o problema da mesma forma que o marido traído resolveu a infidelidade da esposa: quebrou o sofá da sala onde ela gostava de fornicar.
Ainda refletindo sobre o dito, relativizei parte da informação com a ideia manifestada pelo falecido João Ubaldo Ribeiro, em sua última crônica, publicada após sua morte, onde ele criticava o excesso de regulamentação que nossas autoridades estão impondo à sociedade, imaginando, então, que à semelhança do que o cronista menciona, os administradores do nosso sistema de saúde vão exigir que o potenciais clientes do Trauma marquem previamente o seu atendimento, quem sabe até adiantando a natureza desse atendimento, se causado por acidente, tiroteio, facada etc.
Vendo tudo isto, não me resta outra coisa a não ser pensar que estamos vivendo no reino da galhofa ou no País das Maravilhas, com a Rainha Maluca e todo o seu séquito.


‘Estradas de crepom’

Do também Professor Antônio Carlos F. de Melo: “Prezado Rubens, ao me deslocar de Bananeiras para João Pessoa, acabo de confirmar ao vivo e em cores que um outro leitor seu tinha e tem toda razão em dizer que as estradas construídas ou reformadas pelo atual governo são de papel crepom. A estrada que liga Bananeiras a Rua Nova (distrito de Belém), reinaugurada há menos de 30 dias pelo governador, sem ter inclusive, refeito a sinalização horizontal até hoje, já apresenta inúmeros buracos, especificamente na região conhecida como Costela de Bode e início do declive da Serra do Moura, onde acabo de estourar um pneu. Acho que, dessa vez, o brilhante Doutor Carlos Pereira, do DER, não tem como contestar. Confira nas fotografias em anexo.
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O espaço está aberto à Direção do DER para os devidos esclarecimentos ou informações sobre possíveis reparos no recapeamento recém concluído.

 

Máquina na campanha

Do amigo Serjão, de Campina: “Caro Rubens, acho que você deveria fazer uma coluna alertando o TSE, para ver se os órgãos do governo federal estão fazendo campanha e usando a máquina federal (imensamente maior que máquinas de estados e municípios) para Dilma e seus aliados. Ou você acha que o PT com seus apoiadores e cargos comissionados estão alheio a esta eleição? Seja pelo menos uma vez na vida imparcial.Vamos defender a moralidade nas eleições tanto para governos como oposição. Assim você fará um grande serviço à nação.

A minha resposta

Caro Serjão,não identifico nas repartições federais a pressão sobre comissionados (que em geral são do quadro efetivo) para fazer campanha. Trabalhei por 36 anos no serviço público federal e posso dar esse testemunho. Ao contrário do que possa sugerir, na base do SPF há sempre muita oposição e muita vigilância sobre quem está no governo. Os controles também são maiores e mais presentes (CGU, TCU, Ouvidorias que funcionam e correições regulares). Os engajados, petistas ou não, ocupam cargos de alto escalão. Esses, sim, fazem campanha. Porque acreditam na causa. Não porque seus chefes mandam, pressionam ou ameaçam. Quanto à possibilidade de este colunista ser imparcial, nem se preocupe. Jamais acontecerá. Imparcialidade é uma idiotice, um mito que a imprensa norte-americana difundiu e botou na cabeça dos aculturados e colonizados para camuflar um jornalismo que vive da falsa objetividade. Basta estar vivo para ser parcial, fazer escolhas, tomar partido. O resto a gente deixa com a hipocrisia.