Surpresas e incidentes na campanha eleitoral

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Gutemberg Cardoso

Analista político é sempre questionado sobre quem ganhará a eleição e eu responderei. Seja nas ruas, no supermercado, na padaria, em bares ou restaurantes a pergunta é sempre a mesma, “quem vai ganhar a eleição?”.

Eu até brinco dizendo que ganhará quem tiver mais votos, mas, na verdade, o que querem saber é uma análise da situação, do panorama e eu arriscarei fazer algumas conjecturas do cenário atual.

Obviamente estamos apenas no início da campanha e os fatos que marcam esse período determinam o resultado, a Paraíba sempre tem momentos marcantes em suas campanhas, de incidentes e surpresas que mudaram os rumos das campanhas.

Na última eleição para governador houve uma dessas surpresas, todos diziam que o eleito seria o peemedebista José Maranhão, até a pesquisa do IBOPE realizada na boca de urna dizia isso e o resultado foi bem diferente, como sabemos.

Mas vamos ao quadro atual, nós estamos vindo de velhas pesquisas antes do registro das candidaturas que apontavam o senador Cássio Cunha Lima como favorito, depois vinha o governador Ricardo Coutinho e o peemedebista Veneziano vinha em terceiro patinando com seus doze pontos. Aí veio a hecatombe do registro das chapas e mudanças de lado, mudanças de candidato. Tudo mudou!

É a velha historia do boi que voo na reta final do registro das candidaturas.

Agora temos um novo cenário e está cheio de interrogações. Se eu disser que o candidato Cássio Cunha Lima é o favorito e ganhará as eleições, levando em consideração resultado em pesquisas e apoios que vem recebendo de políticos pelo estado. Ainda assim haveria questionamentos se os apoios são tudo e eu diria que não. A gente sabe que uma campanha é decidida pelo guia eleitoral e leva vantagem quem tiver mais tempo.

Agora podemos dizer que nenhum favoritismo é inabalável e começo a perceber que as eleições deste ano poderão ser polarizadas pelos candidatos Cássio Cunha Lima e o governador Ricardo Coutinho. O gestor começa a trabalhar em João Pessoa, de forma intensa e com o apoio do prefeito Luciano Cartaxo e seu irmão, Lucélio, que é candidato ao Senado. Até onde esse apoio na capital tem peso substancial para influenciar os votos no estado a partir daqui?

E vai contar o que será mostrado no guia eleitoral. Eu diria que, no tocante ao governador, que tem contra ele a sua personalidade, ele provou isso em várias ocasiões, o governo é melhor que o governante do ponto de vista de aceitação pública e popularidade. E ele escolheu ser antipolítico, não dá tudo o que os políticos querem e pode ser que esse discurso caia na graça do povo porque, no geral, a população não gosta da classe política e essa é a aposta de Ricardo Coutinho. Há quem diga que sua obras de estradas e outras ações no interior podem lhe render bons dividendos, principalmente nos pequenos municípios.

E aí eu falo do outro candidato forte que é Vital do Rêgo que ainda é uma incógnita, vamos saber se ele manterá a mesma performance de Veneziano nas pesquisas que aparecia entre 11% e 12% das intenções de votos. Terá menos ou mais?

Se Vital mantiver a mesma pontuação de Veneziano, convencer o eleitorado e subir, poderá ameaçar Ricardo Coutinho para ir ao segundo turno, porque, pelo cenário atual, o candidato tucano estaria garantido no segundo turno.

Estou dizendo que teremos segundo turno, essa história que a eleição poderá ser definida no primeiro turno, eu não acredito. E tem aquela velha tese de que os fatos que ocorrerão na campanha determinarão o resultado. Até onde a campanha para a Presidência poderá influenciar na Paraíba?

Sabemos que a presidente Dilma Rousseff aparece com 38% na última pesquisa divulgada, que foi divulgada ontem, em segundo lugar vem Aécio com 22%, o candidato de Cássio está encostado e tentando levar para o segundo turno. Já o candidato de Ricardo, Eduardo Campos, está com 8% e não consegue melhorar. Eu não vejo muita influência da eleição presidencial aqui para o estado, Dilma e Lula estarão no palanque de Vital.

Esse é um bom trunfo? Vital trazer o PT para o seu tempo do guia eleitoral e equilibrar um pouco mais?

São questões abertas. Um candidato aparece como favorito, mas é preciso ter cuidado para não usar o sapato alto. Já tem muitos candidatos usando sapatos altos.

Outro candidato anda por aí com a sandália da humildade, mudando o perfil para agradar o eleito e atrair a atenção dos eleitores.

Haverá briga para saber quem estará no segundo turno. Os pequenos candidatos tem pouco tempo no guia eleitoral e parecem não ter espaço nesta briga pelo segundo turno.

A pergunta que me fazem de quem ganhará as eleições, eu não sei responder porque não tenho bola de cristal, mas o cenário que se apresenta é este. No próximo final de semana será divulgada a primeira pesquisa com esse novo cenário e a partir daí a gente começa a ter mais clareza do que se apresenta nessa eleição que deverá ser uma eleição muito dura, eu não apostaria as minhas fichas em uma só candidatura.

Eu apostaria, se eu tivesse dez fichas para apostar, apostaria seis em Cássio Cunha Lima, três em Ricardo Coutinho e uma em Vital do Rêgo. No decorrer da campanha eu poderei recolher as minhas fichas e distribuí-las.

Pelo sim, pelo não, esta é a minha opinião!