É cada vez maior o número de eleitores “traíras”. Aquele que promete o voto, beneficia-se com o brinde e vota em outro

O eleitor traíra

É cada vez maior o número de eleitores “traíras”. Aquele que promete o voto, beneficia-se com o brinde (favores e valores) oferecido pelo candidato e na hora da “gratidão” – sagrada e secreta – usa a esperteza e passa a perna no seu amigo e algoz. Mas o que tem de bom nisso? A quantidade de políticos que sabe disso aumentou. A mudança forçada de comportamento de alguns deles parece acontecer. É a malandragem de mão dupla, como diz meu sagaz amigo, o jornalista Hebert Araújo. E malandro não gosta de ser enganado. Claro, que o cenário perfeito seria políticos que oferecessem um bom trabalho, dedicação e empenho aos eleitores. Todos, inclusive os que não votam nele. Nada de emprego, material de construção, licenças, descontos em impostos, mensalão. Seria um paraíso de honestidade se o cidadão se negasse, em meio a todas as tentações, as ofertas. Mas não é assim.

Por isso, não duvido que, na cultura da venda e compra do voto aliado, a “trairagem” seja uma das maneiras mais duras para, pelo menos, diminuir a oferta em troca de um votinho. Falo isso porque não são poucos os políticos que já desistiram de construir a campanha baseada apenas na negociação do voto de um, do grupo e da família. E não é só por causa do aumento da fiscalização, das chuvas de denúncias ou do “big brother” que virou a nossa vida, com câmeras espalhadas por todos os lados. Alguns candidatos perceberam que o eleitor está mais atento ao perigo que é alimentar essa prática. Se ela predominava em todos os grupos de votantes, já não é mais eficiente em alguns. Eleitores questionam, recriminam e mais do que isso, traem.
Cientes dessa mudança cultural – ainda lenta, mas uma mudança – alguns candidatos recuam na hora de propor o negócio. A informação, a tecnologia, o avanço das telecomunicações e o desejo de usar o que há disponível “nessa onda”, fazem o eleitor, até aquele dos rincões, entender que o voto não é um bem que se vende por qualquer mixaria. Em jogo, está a falta de tudo: hospitais, escolas, emprego, calçamento. O trabalho de conscientização, ainda pequeno para o tamanho de nossa contaminação, tem mostrado e revelado para o “eleitor cego” ou “fragilizado”, que o político que oferece benesses pelo voto é um picareta e vai, em num futuro próximo, retirar deles tudo para pagar a conta que fez para se manter no poder.

 

Voto vendido
Na luta contra a venda e compra do voto, a Escola Superior Eleitoral -EJE, dirigida pelo juiz Eduardo José Carvalho, lança hoje mais uma edição da campanha “Voto vendido, povo vencido”.

Nas ruas
Entre as ações para conscientização, entrega de panfletos e realização de palestras. As televisões abertas exibirão vídeos para alertar a população. Excelente iniciativa.

Risco
Em um novo documento, o PT nacional pediu a anulação da decisão da convenção dos petistas do estado, que se aliaram com PSB. Há quem acredite que, se vingar, vai colocar em risco todas as candidaturas petistas.

Sem recuo
A validade do documento, recebido depois do cumprimento das formalidades eleitorais, será questionado pelos advogados. Os petistas não recuam. Lucélio Cartaxo segue em campanha para Senado.

Nada bom
A direção nacional exige que a coligação entre o PT e PMDB, mas apenas para chapa majoritária. O partido, no entanto, fica livre para lançar a candidatura isolada. O que não é nada bom para eles. O PMDB espera pela Justiça.

 
Reação

A coligação ‘A vontade do povo’, representada pelo advogado Harrison Targino, agiu rápido. Tratou de divulgar a certidão de regularidade com a Justiça Eleitoral do candidato Cássio Cunha Lima (PSDB). Cássio disputa o governo e, como se esperava, a candidatura foi questionada. A ação é para evitar a contaminação nos discursos.
Impugnação I
São duas notícias de inelegibilidade enviadas ao MPE e mais dois pedidos de impugnação da candidatura feitos por Maria da Luz Silva e Rafael de Lima Rodrigues, candidatos a deputado estadual.

Impugnação II
Ontem, a Procuradoria Regional Eleitoral na Paraíba (PRE-PB) impugnou o registro de candidatura de 14 políticos, entre eles Cássio e Wilson Santigo. Vai começar a disputa na Justiça.

Doação
Na lista de candidaturas impugnadas está a do cantor Genival Lacerda, que participou das eleições de 2006 e 2010, em Pernambuco. O motivo: excesso de doação julgada procedente pelo TRE/PE. Genival e todos da lista tem tempo para defesa.

Projetos
A jornalista Marly Lúcio pediu demissão da secretaria municipal de Ciência e Tecnologia. Deixa para trás ideias, convênios e bons projetos para serem executados por quem assumir a pasta.

Lealdade
Sem turbulências, pelo menos aparentemente, sai para se manter fiel e leal a um projeto mais afinado com ela, o dos seus “mentores” e amigos, o ex-prefeito da capital Luciano Agra e o atual vice, Nonato Bandeira.