Ricardo perdeu uma espécie de Neymar de seu governo: Luzemar Martins

Mais uma baixa

Por Laerte Cerqueira

Do Jornal da Paraíba

Neymar

Luzemar Martins 10

Logo depois que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) foi “ungido” pelo espírito de oposição e assumiu, publicamente, que era candidato ao governo, seu ex-aliado, o governador Ricardo Coutinho (PSB) começou a sofrer com seguidas baixas. Não me refiro, restritamente, as político-partidárias, que são, sem dúvida muito importantes nesse momento. Começou com os deputados, depois prefeitos e auxiliares. Não, necessariamente, nesta ordem. Destaco, no entanto, algumas. Na seara política, não tenho dúvida que o governador sentiu, e muito, o rompimento com o vice-governador Rômulo Gouveia (PSD). O “Gordinho”, até o dia que voltou ao ninho dos Cunha Lima, dava ao governo a leveza, a gentileza e a “fofura” que compensava o peso, a aspereza e rudez da gestão socialista. Seu jeito maleável, diplomático e mais democrático era um contrapeso. Era tudo que RC precisava para mostrar que sabe conviver com o diferente com o contrário. Ao perder Rômulo, principal símbolo dessa relação destoante, teve que esquecer o discurso.

Na seara técnico-administrativa, um dos baques de estremecer foi o do ex-secretário de Planejamento, Gustavo Nogueira, que entrou com aval de Cássio e saiu para apoiá-lo. Gustavo é um craque. Por sua seriedade, profissionalismo e compromisso, deixava RC tranquilo quanto a otimização, eficiência e execução das obras. Ao perdê-lo, ficou sem uma das suas cabeças pensantes. O ex-secretário tem a radiografia do estado, informações sobre avanços e atrasos da gestão de Coutinho. Ao deixar o governo e voltar para o seu ninho, Gustavo não só empresta sua eficiência ao projeto tucano, mas, inevitavelmente, subjetivamente, vai usar todo seu conhecimento sobre o governo no enfrentamento eleitoral.
Ontem, mas uma baixa. Ricardo perdeu uma espécie de Neymar de seu governo: Luzemar Martins. O pedido de demissão do controlador geral da Paraíba, que alegou motivos pessoais para deixar o cargo na administração estadual, é uma paulada. Luzemar estava lá não só porque é excelente, mas, também, porque tinha a confiança total do ex-aliado, Cássio. Ele era, sim, uma peça preciosa de Ricardo porque tem uma competência e um conhecimento singular. Discreto, foi um dos responsáveis por “sanear” as contas do governo. Luzemar não é substituível, mas o seu compromisso, honestidade e fidelidade ao projeto do qual serve são qualidades difíceis de encontrar em qualquer lugar.
De quebra, perdeu o astuto, sensato e diplomático chefe de gabinete da secretaria de Comunicação, Marcos Alfredo. Marcos é do segundo maior colégio eleitoral do estado, Campina Grande, onde RC está descoberto e precisa dar atenção especialíssima. Marcos é experiente e poderia ser uma força por lá. Óbvio que ninguém é insubstituível e as mudanças podem revelar novos e competentes aliados. Mas não dá para negar que as baixas são grandes. E o pior, devem fortalecer o principal adversário.
Baque I
Também deixaram o governador RC, o gestor do Centro de Convenções, Antônio Alcântara, e ex-prefeito de Bonito de Santa Fé, Sabino Dias (PSD).

Baque II
Sabino, que era assistente administrativo, lotado no gabinete do governador, justificou sua decisão dizendo que vai seguir a orientação política do ex-vice-governador José Lacerda Neto.
Golaço

Ministério Público do Trabalho não deixará o “negócio rolar solto”. O procurador do MPT, Eduardo Varandas, vai fiscalizar as condições de trabalho de quem for contratado para atuar como divulgadores das candidaturas. Varandas irá exigir que candidatos e partidos ofereçam protetor solar, forneçam água para hidratação, bonés e uniformes. É bom ficar atento também ao pagamento. Não falta quem se aproveita da “necessidade” para explorar esses trabalhadores. Um golaço do procurador.
Salada
Se tem salada nas coligações, qual o problema de misturar tudo na hora de votar? A porteira se abriu, não? O vereador Marco Antônio (PPS), líder do governo municipal (do PT) na Câmara, não teve constrangimento em revelar suas preferências.

PSDB e PT
Disse que vai apoiar Cássio ao governo, mas mantém o compromisso com Lucélio Cartaxo (PT), candidato ao Senado, na coligação encabeçada por RC, do PSB. Misturas como essa, muitos vão fazer. A época de ter vergonha dessas misturas passou. Tudo certo.
Sem regulamentação
A lei do deputado Anísio Maia (PT), que prevê gratuidade para os estudantes da rede estadual no sistema de transporte público coletivo na PB, foi promulgada. Mas não tem regulamentação.

Confusa
Não tem aplicabilidade, é confusa e ninguém sabe quais os caminhos para garantir o direito. O governo silenciou e não vetou porque a medida não era nada popular. Ganha tempo e ninguém mostrou como vai funcionar.