A farra dos abutres

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Espero e torço fervorosamente para que o tempo e o futuro próximo me mostrem que são absolutamente improcedentes os meus temores, as minhas apreensões, neuras e nóias. E, muito mais, que não se concretize qualquer das previsões que arrisco adiante, mas…
Acabou ontem, junto com o sonho do Hexa, uma das grandes alegrias que a Copa vinha proporcionando aos brasileiros em geral e paraibanos em particular. Refiro-me à trégua na guerra política, ao banho-maria em que mergulhara a própria campanha eleitoral, contribuindo para segurar o mau humor predominante e contagiante que o nosso proverbial complexo de vira-lata cuidava de expandir ao máximo na véspera do Mundial.

Agora, temo sinceramente um recrudescimento das ações e manipulações, sobretudo midiáticas, a partir de hoje. Temo que nos tragam de volta àquele ambiente derrotista, àquele clima de intenso e crescente pessimismo que contraditoriamente (ou nem tanto) a parcela mais privilegiada e mais abastada espalha com muito gosto. Espalha e termina por influenciar e dominar as camadas mais numerosas e menos aquinhoadas da população.
Não se enganem, não me engano. Haverá aproveitamento econômico e exploração política da derrota humilhante. Aliás, já começou. Menos de meia hora após o encerramento do jogo, as redes sociais e os portais dito jornalísticos da Internet estavam tomados por milhares de conteúdos de indisfarçada torcida pelo retorno ao caos tão propagado quanto desejado e trabalhado por determinados segmentos, alguns com o declarado propósito de inviabilizar a realização da Copa no Brasil.
Deplorável, embora compreensível. Afinal, para quem tira proveito de momentos assim o melhor cenário é ver a comoção causada pela decepção evoluir ligeirinho rumo à instabilidade e à desesperança. Tudo em nome de ajudar a circunstância ruim e favorecer a pior das conjunturas. Diante do que vejo e pressinto, lamento profunda e sinceramente não ter dúvida de que a chamada grande imprensa vai jogar pesado com muito empenho e criatividade naquela direção, partindo do pressuposto de que o alvo a ser abatido tende a ficar mais fragilizado e vulnerável.

 

Hora de superação

Sob o impacto de tão acachapante goleada, não tenho ânimo algum para avaliar ou aventar supostas consequências do sucesso ou fracasso da estratégia de oposição. Deixo para outra edição a abordagem mais serena dos motivos e até da questionável legitimidade de quem busca no ‘quanto pior, melhor’ um trunfo para uma possível vitória nas eleições deste ano. Se me permitem, faço deste instante a hora mais adequada de procurar, encontrar e manter a mais escolhida esperança de que vamos superar o transe mais horrível da história de um país campeão. Daí concentro todo o otimismo e confiança na capacidade de reação de cada brasileiro mais esclarecido, mais politizado, menos receptivo à cantilena de que somos os últimos dos derradeiros em qualquer coisa, em qualquer campo ou atividade, começando pelo próprio futebol. Não somos. E teremos a chance de provar que realmente não somos – para nós mesmos e o resto do mundo – no próprio esforço de superação.
Desmantelo em Lagoa Seca

Recebi do zootecnista e Professor Antônio Carlos Ferreira de Melo a informação segunda a qual um banco de sementes foi inaugurado há três meses em Lagoa Seca, pelo Governo do Estado, sem que estivesse pronto para funcionar e beneficiar quem mais dele precisa. “Constatei mais uma vez a falta de compromisso da administração estadual com aqueles que vivem do campo, no campo. O banco de sementes não está nem estava pronto para uso quando de sua inauguração, porque não tem energia elétrica, parte do teto desabou e em seu contorno agora no inverno tornou-se um verdadeiro pântano”, disse.
O mais impressionante, lembra Antônio Carlos, é o fato de que o banco de sementes estava quase concluído desde 2007 e nada foi acrescido à unidade em matéria de pessoal ou equipamento desde então. “Vale lembrar que os recursos dessa obra vieram do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e ela foi edificada com contrapartida do Estado, mas o investimento, pelo visto, foi desperdiçado, a exemplo do que ocorre com o abatedouro de caprinos e ovinos da cidade de Monteiro, já concluído em governo anterior. Mas esse, pelo menos, não foi inaugurado, não foi usado para fazer propaganda enganosa e frustrar mais uma vez o povo que trabalha, cria e produz”, ressalta o Professor.


A natureza do escorpião

Ô, Colunista, como todos viram, a tentativa do fulano ganhar mais fôlego não colou. A turma lá de cima teve medo de que o super-pizzaiolo de repente se transformasse em churrasqueiro, como muitos estão querendo. Vamos ver qual será a saída pela esquerda. A propósito, a perseguição desnecessária contra os apaniguados do vice vem apenas reforçar a imagem ruim que já conhecemos, a velha tendência. Mexer com quem estava quieto, do lado dele, me fez lembrar da fábula do escorpião e o sapo: é da sua natureza… Não me espantará se, de repente, surgirem carros, com placa de Campina, rodando por aí com o seguinte adesivo: “Deixa o Gordo trabalhar!”.
Forte abraço do Apporelli.