UM TRANQUILO E DOIS CONFUSOS

POR PAULO SANTOS

Falta pouco para que a primeira etapa do processo eleitoral propriamente dito – o da consolidação das chapas que disputarão o pleito majoritário – esteja devidamente registrada no TRE e, a partir daí, o caminho não tenha mais volta. O “falta pouco” deve-se ao imbróglio que envolve PT e PMDB, agora entregue à Justiça.
O suspense em relação à coligação PT-PSB deve-se principalmente ao fato de que a chapa do governador Ricardo Coutinho terá 10 dias de prazo para registrar o substituto do petista Lucélio Cartaxo caso a Executiva Nacional convença os juízes de que prevalecem as suas ordens e não o que a Executiva estadual decidiu.

Se a direção estadual do PT ganhar a “queda de braço” continua tudo como dantes, mas se houver uma reviravolta na questão isso causará sérios problemas para a campanha de RC que terá de sair em busca de um bom nome para preencher a vaga de candidato ao Senado o que, a estas alturas do campeonato, causa imenso prejuízo.
Nessa fase também o PMDB tem seus problemas, com sua chapa “puro sangue” formada por Vitalzinho, Roberto Paulino e José Maranhão, respectivamente para governador, vice e senador: tem que correr contra o relógio para refazer suas estratégias, realizar um périplo preliminar para mostrar que esse trio é definitivo e tentar reverter a intenção do eleitorado que não parecia acreditar mais nas propostas do PMDB.
O primeiro desafio então, para o PMDB, é tentar repassar credibilidade para suas propostas, pois Vital sempre exerceu cargos legislativos e não tem experiência em cargos executivos, o que sobra em Paulino e Maranhão. O senador campinense deve ser eficiente, junto ao eleitor, para convencê-lo de que tem propostas plausíveis e saber expô-las em linguagem fácil, acessível.
Assim como seus dois principais concorrentes ao Governo, Vital nunca perdeu uma eleição e, com passagens pela Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, conhece o ritmo da respiração dos eleitores, mas terá que buscar inspiração especial nesse trabalho em Campina Grande.
Dali se origina seu principal adversário – o tucano Cássio Cunha Lima – e um dos “calos” na sua vitória para o Senado em 2010 onde foi menos votado do que seus opositores à época (o então peemedebista Wilson Santiago e o democrata Efraim Morais). Inverter expectativa de eleitor não é tarefa fácil.
Vital do Rêgo chega a essa disputa pela principal cadeira do Palácio da Redenção contra dois adversários poderosos, mas com algumas vantagens: tem um passado irretocável e é um “franco atirador” porque, como Cássio, pode perder a eleição e ainda terá quatro anos de mandato a cumprir no Senado.
Quem parece estar com a tranquilidade a favor, neste início de campanha, é Cássio, por vários motivos. É líder nas pesquisas, consolidou um leque de alianças que garante a maior fatia de tempo no famigerado “guia eleitoral”, aglutinou em torno do seu nome alguns dos principais adversários de Ricardo Coutinho e pode sair á cata de mais votos enquanto seus adversários ainda são reféns de problemas domésticos.