O PT está sendo pego de calças curtas e com as mãos estendidas à palmatória da madre superiora

O FEITIÇO CAIU NOS FEITICEIROS

Por Gilvan Freire

Palmatória Qualquer que seja o modelo de aliança que o PMDB faça com o PT, oficial forçada ou não, o resultado será o mesmo. Ou seja: o PT vai votar com Ricardo Coutinho. Isto já era previsto, desde meses atrás quando os petistas criaram as maiores dificuldades à candidatura de Veneziano, a ponto de terem destroçado o projeto, o único com viés historicamente oposicionista no Estado, pois era destinado ao combate a Cássio e RC ao mesmo tempo. O que estava por traz dessa fritura persistente era a ambição desmedida e frenética de Luciano Cartaxo em fazer seu irmão Lucélio o candidato a Senador na chapa de Cássio (foi oferecido), ou com Ricardo Coutinho (foi pactuado), numa frivolidade sem antecedentes na história política recente na Paraíba.

Outro fato é a postura rotineira do PT de se dividir entre dois candidatos a governador, mesmo quando lança candidatura própria, para não perder por completo a chance de entrar, por partes, no governo. São mais de 20 anos nesse jogo, uma banda combatendo a outra, até que Luiz Couto conseguiu levar tudo para o colo de RC, tirando Lucélio da disputa de deputado federal para salvar a sua própria pele, num dos cultos à vaidade mais perfeitos ocorridos como trama nos últimos tempos. Com o ego inflado pela lisonja de ter o irmão candidato a Senador, Luciano Cartaxo caiu de pato e se entendeu com os dois, Couto e RC, o primeiro a quem odiava e estava eliminando calculadamente, e o outro a quem teve de combater para se eleger prefeito em 2012, abrigado no exército girassol dissidente comandado por Luciano Agra, o pai de sua vitória, em quem já deu com os pés impiedosamente, friamente.

 

Enfim, essas instabilidades e vacilações são agora decorrentes da ascensão de Luciano Cartaxo a um cargo importante que o PT nunca teve e que está deixando seu grupo em lastimável estado de euforia descontrolada, sem medir as conseqüências e responsabilidades de seus atos políticos, como não tem medido seus atos administrativos comprometendo todo o futuro do PT. Na prática, o PT traiu o PMDB aliando-se a Ricardo quando Lucélio ainda estava na chapa peemedebista, traiu Dilma votando no governador que tem outro candidato à presidência, enquanto o palanque armado exclusivamente para Dilma no Estado é do PMDB, traído pelo PT que deveria ser do projeto de Dilma mas é do projeto dos irmãos Luciano e Lucélio. Também se sabe agora, pelas confidências reveladas por alguns líderes petistas, que RC estava traindo Eduardo Campos. Aliás, não é a primeira vez que RC trai aliados e amigos e, possivelmente, essa síndrome deprimente ele adquiriu desde os tempos em que militava no PT. Mas, a bem verdade, traídos estão mesmo os eleitores, que certamente não aprovam essas condutas vexaminosas.

 

VITALZINHO: A VOLTA POR CIMA

 

O PT está sendo pego de calças curtas e com as mãos estendidas à palmatória da madre superiora. É um castigo público desmoralizante, acachapante, que expõe suas traquinagens e estripulias na escola primária onde estudam seus novos líderes, de fora apenas o deputado Frei Anastácio e os militantes de sua turma sindical. Mas esses episódios serviram para projetar na Paraíba o Senador Vital do Rego como o maior representante de Dilma no Estado, encarregado de montar o palanque onde ela se hospedará nestas eleições. Pouquíssimas vezes se viu na Paraíba um líder jovem demonstrar tanto prestígio na República, o que passa a ser sua primeira vitória no pleito de 2014. E contar com a lealdade dos petistas isso é dispensável, pois nem Vital nem Veneziano iam contar com tão alto gesto antes. O PT e Ricardo se merecem. São também irmão gêmeos.