Violência, política e eleições, Por RUBENS NÓBREGA

Cidadão primeira de luxo, como dizem lá em Bananeiras, Professor e militante político de uma esquerda origem, dessas que não fazem concessões ao poder ou à expectativa de poder que reproduz e não transforma, Sizenando Leal Cruz, de Campina Grande, está convencido de que a violência nossa de cada dia tem uma relação muita estreita com as eleições e a prática política dominante. Opinião que ele sustenta no texto reproduzido a seguir, motivado pela leitura que fez da coluna intitulada ‘Podres poderes’, aqui publicada na terça-feira (1º)(1º)

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Caro Rubens Nóbrega, sobre a questão abordada em ‘Podres Poderes’, gostaria de dizer que a violência generalizada no Brasil tem uma relação estreita com a política de forma geral e de forma restrita (eleições). Assaltos a mão armada, roubos, assassinatos, estelionato, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, tráfico de pessoas etc., todas as formas mais ou menos violentas de crime contra as pessoas, o patrimônio, a honra etc. têm ainda uma ajuda da permissividade do poder público.
Historicamente, para proteger os ricos, foi se consolidando uma política de impunidade que atinge as camadas menos privilegiadas e assim vai se desmoralizando o caráter da Justiça e da Polícia que se somam a políticas públicas desastrosas. É consequência do fato de as eleições no Brasil terem se transformado em um enorme balcão de negócios sujos que tem pouca ou nenhuma diferença das transações mais obscuras das ações dos bandidos que agem nas ruas.
As alianças partidárias são apenas uma pequena amostra da política institucional no Brasil. Não por acaso as obras e os serviços são muito caros e muitos serviços e obras, além de caros, não são entregues. Infelizmente, a maioria dos eleitores não se comporta como cidadãos. Mesmo se existisse uma Justiça Eleitoral eficiente no combate à corrupção eleitoral e regras efetivamente democráticas, precisaríamos de um povo com uma consciência mais elevada, que não transformasse lideranças podres em verdadeiros santos. Precisamos de consciência crítica, principalmente na maioria do povo que no cotidiano, antes, durante e depois das eleições, não dispõe de saúde de qualidade, de transportes de qualidade, de educação de qualidade referenciada na própria necessidade da maioria do povo.
Dizem que a política é muito dinâmica, mas desconfio muito desse dinamismo, pois vem sendo feita com a mesma lógica, os mesmos recursos (apenas adaptados aos meios mais modernos) e em muitos casos às mesmas famílias. Não tenho nenhuma esperança nesse (assim como nos outros) processo eleitoral. Mais uma vez vai predominar o interesse econômico da minoria e a maioria vai mais uma vez fazer festa para um bando de corruptos viciados em fazer campanhas milionárias, prometendo céus e terra. Vão prometer, inclusive, combater sistematicamente a violência, mesmo que não atuem contra nenhuma causa. Vou fazer meu papel limitado de cidadão. Esperando um dia que os movimentos sociais, que dormem em berço esplêndido, com a maioria das lideranças entregues as negociatas palacianas e patronais, acordem e cumpra o seu papel. Para que um dia a esperança minha e a de milhões de pessoas volte a crescer.
Nem tudo está perdido

Já o consultor Josiclei Cruz escreveu ao colunista para comentar o artigo ‘Nem tudo está perdido’, publicado na edição de 28 de junho recém findo, no qual mostrei o quanto a coerência política e a fidelidade partidária estão se transformando em joias raras entre os agentes políticos brasileiros em geral e paraibanos em particular. “Após a leitura da coluna, cheguei à seguinte conclusão: a nossa política, seja nacional ou na Paraíba, virou um balcão de disputa pelo guia eleitoral e, mais ainda, parece que o eleitor está mais para gado a ser abatido e negociado do que um cidadão com autonomia em suas escolhas”.
Ter leitores da qualidade e visão de um Josiclei, de um Sizenando e tantos outros que participam deste trabalho… É tudo o que um jornalista pode querer, ainda mais quando se atreve a opinar, c
riticar, denunciar, cobrar. Sinto-me realmente gratificado, recompensado mesmo, quando recebo colaborações tão preciosas, bem escritas e fundamentadas como essas. Eis por que as compartilho com os demais leitores, aproveitando ao máximo os textos que me confiam. Até para me convencer cada vez mais e tentar convencer muitos como eles de que nem tudo está perdido, que ainda não podemos perder a esperança de o bem, um dia, ser a única razão de ser da aventura humana na Terra.

 

Polêmica no trânsito

O Professor Arael Costa, também jornalista, está muito preocupado com os possíveis transtornos decorrentes da norma que desde anteontem dispensa o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar da Paraíba de fazer perícia e laudos em acidentes de trânsito que não resultem em vítimas, apenas danos materiais. Em casos do gênero, além de obrigados a retirar de imediato seus carros do meio da rua para não congestionar ainda mais o nosso já congestionado trânsito, sobretudo na Capital, os envolvidos terão que buscar os serviços de uma Delegacia de Polícia para fazer um boletim de ocorrência. “Todavia, as companhias de seguro estão aconselhando seus clientes a não se retirarem do local antes do atendimento por um perito da companhia, embora aceitem a declaração de que houve acordo entre as partes. Isto é, infelizmente, uma fonte de aborrecimentos, pois bem sabemos como são controversos os entendimentos em uma hora como esta, notadamente se envolver motoqueiro”, alerta.