Algo errado
Por Heron Cid
A percepção de que há avanços na gestão se contrapõe frontalmente com os dados da realidade política. Não é normal um governador chegar em plena fase de reeleição com apenas oito deputados aliados na Assembleia e correndo o risco de perder o líder (Hervásio Bezerra) diante do iminente retorno do titular Manoel Ludgério.
Não é comum, também, um governador terminar o período de convenção reunindo menos partidos e tempo de guia eleitoral que seu adversário da oposição. Na reeleição em João Pessoa, Ricardo juntou 16 legendas e praticamente não teve adversário. Deu um passeio em João Gonçalves.
No governo, chegou a essa segunda-feira, um dia após o prazo legal das convenções, com dificuldades de apresentar um candidato a vice-governador na sua chapa. Algo inédito nesse Estado, convenhamos, porque a tal expectativa de poder invariavelmente esteve nas mãos dos “donos do poder” da vez.
Por estas plagas, a força da máquina – estrutura e cargos – historicamente exerce poderosa sedução sobre políticos e partidos e a vaga de vice sempre foi alvo de disputa. Ou era. Com Ricardo, a maioria dos convidados com densidade não manifestou apetite. Alguns rejeitaram publicamente, como a deputada Daniella Ribeiro. O próprio vice-governador nunca admitiu um dia sequer voltar a disputar o cargo ao lado de Ricardo.
Bom, mas isso é coisa só da classe política, poderíamos cogitar como explicação… Não é o que tem dito as pesquisas de opinião pública. Temos então um conjunto de fatos que – para se chegar a conclusões racionais – implica em melhor e mais profunda reflexão. A começar pela autocrítica do próprio Ricardo.