Levar o PMDB a uma reengenharia é, certamente, uma operação extremamente interessante para o pleito de 2014

A DESMORALIZAÇÃO É GRANDE, MAS…

Por Gilvan Freire

PT E PMDB

Esses deploráveis episódios políticos ocorridos na Paraíba durante e logo após o dia de São João são a maior fogueira já erguida em solo paraibano nas últimas décadas destinada a queimar reputações de personalidades importantes e, possivelmente, incinerar a carreira de algumas figuras das novas gerações de líderes. Vejamos, pelo grau de envolvimento com os fatos, os que mais contribuíram com a desmoralização generalizada que tomou conta do cenário despudorado e degradante que se instalou na vida pública do Estado neste período junino, antes mesmo que São Pedro chegue em missão celestial depuradora e de salvação.

VENEZIANO – Conhecido pelo seu destemor político e atrevimento, aguerrido em defesa de princípios éticos e programáticos, combativo na formulação de um projeto alternativo entre as maiores lideranças do Estado, não foi capaz de se desvencilhar da imagem pouco convincente que deixou em seu último período de governo a frente da prefeitura de Campina Grande. Foi obstinado e teimoso na busca da candidatura, perdeu a autocrítica quanto as dificuldades que enfrentava, não soube liderar e administrar os interesses partidários e submeteu-se ao tratamento desatencioso e desrespeitoso do PT, que fez pouco caso de sua candidatura. Poderia ter reagido à desconsideração petista nos primeiros momentos e desafiado Cássio e RC ao mesmo tempo, pois o mínimo que o eleitor poderia esperar de um líder de sua qualidade e história era que não aceitasse insultos e menoscabos. Foi frouxo quando devia ser valente. Foi fraco quando devia ser desafiador. Foi omisso quando devia reagir em defesa de seu partido e foi submisso quando devia ser altivo e independente. Vai ter que reconstruir a bravura que o fez líder em pouco tempo, sob pena de não ter sobrado nada de seu projeto.

 

LUCIANO CARTAXO – este ainda não compreendeu o verdadeiro significado de sua eleição a prefeito da Capital, pegado no rabo do cometa circunstancial Agra, e em meio a um clima anti-Ricardo Coutinho que moveu 75% dos eleitores de João Pessoa, divididos em três candidaturas de oposição. Ele acha que quem o elegeu foram os fanáticos e adoradores que se encantaram com sua beleza plástica e seus dons oratórios, e não pessoas que queriam apenas dar respostas a outro líder que elegeram antes mas havia desencantado seus eleitores.

 

Se não houver alguém de responsabilidade, com experiência e maturidade, que possa conter a volúpia e a emocionalidade de Luciano Cartaxo, imediatamente, ele vai se perder muito antes do tempo previsto. A sua obstinação para fazer de seu irmão um líder político a qualquer custo, sem apego a compromissos éticos, ideológicos ou programáticos, sem respeito aos pactos celebrados e às alianças obrigatórias entre parceiros de aliança nacional – e girando para todos os lados como uma biruta de aeroporto, ao sabor dos ventos que lhes refresquem – ou se movendo em defesa de interesses estritamente familiares, nada de admirável está construindo como líder novo. Desses líderes sem posição definida, sem confiabilidade pública, sem identidade consolidada e sem apego à palavra e aos compromissos assumidos, os cemitérios políticos estão abarrotados, embora haja sempre lugar para mais um.

 

VITALZINHO – É um enigma. Joga como profissional no planalto, como peça manejada pelo PMDB oficial e suas manobras pouco republicanas, mas joga como amador nos gramados do Estado, onde não construiu um perfil de líder partidário. Maranhão deixou que ele usasse o PMDB para articular a candidatura do irmão mas ele não conseguiu sequer unir o partido, que saiu perdendo pedaços pelo caminho. Contudo, a sua possível candidatura pega agora o PMDB em frangalhos, e talvez seja esta a chance dele recompor os cacos.

 

Levar o PMDB a uma reengenharia é, certamente, uma operação extremamente interessante para o pleito de 2014, o que Veneziano não conseguiu fazer. Fica para outro membro da família, já que a vida pública do Estado virou um projeto familiar. Mas, alcançar isso através de um casamento com o PT – noiva de muitos amantes – é não ter direito a núpcias, nem a fidelidade. Ou seja: mudaram-se as cangalhas mas os burros são os mesmos. Depois conto mais.