Não há mais o que esconder e tudo é aceito. Para que pudor ou vergonha?

Pudor
POR LAERTE CERQUEIRA

Projeto: o poder

Independente de como vai ficar a configuração das alianças para as eleições majoritárias e proporcionais deste ano, a única certeza – para alguns, óbvia – é que os partidos e seus representantes não vão se unir, firmar parcerias e apoios em nome, prioritariamente, de um projeto comum de desenvolvimento para o estado. Não há mais direita e esquerda, centro-direita, centro-esquerda e outras categorizações com olhares diferenciados sobre o caminho para melhorar a vida dos paraibanos. Em jogo, apenas, o poder. Há algum tempo, partidos que tinham posturas ideológicas diferentes nunca estariam no mesmo palanque

Mas o que temos hoje é apenas a polarização entre quem está no poder e faz tudo para continuar e quem “vende até a mãe” para ter a caneta nas mãos. A caneta que contrata e demite comissionados, que abre processos licitatórios de maneira a favorecer apadrinhados ou financiadores de campanha, que autoriza contratos emergenciais. Há algum tempo era vergonhoso e injustificável juntar água e óleo. Mas, atualmente, não há mais problema. Não há mais o que esconder e tudo é aceito. Para que pudor ou vergonha? A questão é que é tudo em nome de algo que não se concretiza para a maior parte da população. Se você puxar pela memória vai lembrar que a prática já se naturalizou. Nos últimos dez anos, na Paraíba, por exemplo, vimos sindicalistas, militantes da chamada esquerda, que ascenderam sob a tutela da “revolução”, aliando-se a oligarquias numa eleição, em outra, mudam a parceria e firmam o acordo de poder com a outra família: ao sabor das conveniências. Entendo que não há nada revelador nessas palavras, mas há algo que não pode ser esquecido: o poder é dado como representação.
Os resultados dessas escolhas, independente de como se dá a “orgia” partidária, tem que se transformar em desenvolvimento para a população. Não deve se esquecer nunca que os acordos nascem e, mesmo imponderáveis, devem priorizar a diminuição das desigualdades sociais, a geração de emprego e renda, a melhoria da qualidade de vida, uma saúde de qualidade e educação de qualidade. Utópico? Talvez. Temos notícias de que vagas na majoritária e na proporcional são negociadas por milhões. Empenhos feitos para o contribuinte pagar por meio de contratos superfaturados, comissões e prêmios. O dinheiro para pagar dívidas da compra do poder é de quem trabalha cinco meses ao ano para pagar impostos. Um pena que na hora de votar, ratificar os acordos, poucos lembram que financiaram alianças para um único projeto de estado: o de poder.