BRASÍLIA – Em plena Copa, Dilma toma uma bola nas costas atrás da outra. A convenção do PT foi driblada pela deserção do PTB e depois por uma jogada bem ensaiada de Aécio com Cabral e Pezão no Rio. O “Aezão” agora é orgânico.
Assim, Dilma divide seus palanques no Rio com Aécio, que lhe roubou o PMDB, e com Eduardo Campos, que lhe subtraiu uma fatia da campanha do petista Lindbergh Farias.
Ela não vai repetir o passeio de 2010 no Rio e em Minas e vai ter de suar a camisa em São Paulo. Confirmam-se as dificuldades da petista no “Triângulo das Bermudas”, ou “grupo da morte”, com cerca de 40% dos votos nacionais.
Isso reforça a sensação de fragilidade que vai se generalizando ou, como disse o lulista Gilberto Carvalho, “a coisa desceu, vai gotejando”. Na dúvida, basta olhar os aliados do PT e ver para onde eles vão.
O PTB escancarou sua posição e o PMDB se mexe sorrateiramente rumo à oposição. Garantiu a Vice-Presidência para Michel Temer, mas liberou os pemedebistas para fazer o que bem entenderem nos Estados. Muitos deles estão entendendo que o mais conveniente é partir para outra.
Além do Rio, isso se reflete em outros Estados chaves, como Bahia e Rio Grande do Sul. E quer dizer muita coisa, principalmente a irritação com a vocação hegemônica do PT e a falta de confiança nas chances de vitória de Dilma.
Com esses dois argumentos, líderes do PSD pressionam Gilberto Kassab para que o partido opte pela neutralidade. Ele parece irredutível, mas perdeu o rumo sem a vaga de vice de Alckmin e foi à convenção do PT rapidinho, só a tempo de ser vaiado.
À Folha Gilberto Carvalho fez um diagnóstico realista sobre o clima negativo, que Lula quer enfrentar com a “adrenalina” da militância. Tempo de TV ajuda, mas não resolve, e marketing é científico, não faz milagres. Aliás, o slogan é reconhecimento das dificuldades: Dilma candidata das “mudanças”? Não cola.