A gente se depara com pesquisas claramente ajeitadas para favorecer a quem chegou junto para negociar e manipular os resultados a seu favor....

PPORbens Nóbrega

POR RUBENS NÓBREGA

Pesquisa de encomenda

Vamos ver como funciona? Vamos lá, então. Segundo colocado na preferência do eleitorado, certo candidato fecha a compra do material com o vendedor e acerta uma estratégia segundo a qual na primeira pesquisa divulgada ele, o comprador, pode aparecer com cerca de 20 pontos percentuais abaixo do primeiro. Essa é a que faz tchan. Mas na segunda pesquisa, a do tchun, o cara sobe uns cinco pontos e o líder cai mais ou menos o mesmo tanto. Na terceira, a do tan-tan-tan-tan, dá empate técnico.
Desse jeito, o aparente crescimento cria onda, faz com que muita gente boa não apenas acredite que malandragem é realidade e a reversão de quadro é perfeitamente possível. Em outras pessoas, talvez ainda mais crédulas, a manha com artimanha, engenho e arte dá a impressão de que o segundo não apenas cresceu como ao chegar o dia da eleição já terá passado tranquilamente o primeiro.
Evidente que a bilontra, como toda ela, tem seus riscos. O procedimento pode ter furos que se vierem a ser descobertos vão desmoralizar de vez a imagem do ‘instituto de pesquisa’, inutilizando a serventia do seu próprio instrumento de aferição da tendência do eleitorado. Dando zebra, por sua vez os culpados perdem o investimento e sofrem castigo extra. Ficam de cartaz manchado e reputação comprometida, se é que têm alguma. Se acontecer, pode apostar que é gol contra, verdadeiro tiro no pé do(a) mala.
Mas isso tem pouca ou nenhuma importância para quem pratica tamanha safadeza sem recurso a qualquer disfarce. Tem gente fazendo isso sem a menor cerimônia, sem um pingo de ética, sem um tico de seriedade. Pra quem faz, o que vale é faturar e prestar um serviço a essa ou aquela candidatura com chance não apenas de virar o jogo como se manter no poder ou de mantê-lo em perspectiva.

Não fosse a Copa…

A gente só não está vendo mais pesquisas de arrumação com tanta intensidade e frequência porque está rolando a bola do mundo no Brasil. Seleção, Neymar & Cia têm galvanizado as atenções e os comentários nas rodas de papo, nos senadinhos, nas redações e espaços da mídia em suas diversas modalidades, da mais tradicional (rádio, jornal, tevê…) à mais concorrida rede social na Internet (facebook, twitter…). E juro que usei o verbo galvanizar sem nenhuma intenção de trocadilho ou referência ao famoso narrador da Globo. Bem, mesmo assim, mesmo com tudo girando neste momento em torno e função do Mundial de Futebol, vez por outra a gente se depara com pesquisas claramente ajeitadas para favorecer a quem chegou junto para negociar e manipular os resultados a seu favor. Como razoável caçador e denunciador de mutretas em geral e maracutaias em particular, recomendo a tod@s uma zapeada por blogs, portais e colunas na Internet, além de ouvir rádio ou assistir a programas de televisão. Não vai ser difícil encontrar desavergonhados postos a serviço ‘da causa’ de quem pode mais e chora menos por ter grana alta para tentar engabelar eleitor que tem na conta de besta.