A CULPA É DA ESTRELA CÁSSIO

Gilvan Freire

Cássio

Durante mais de sete anos desde que perdeu na justiça o governo para Zé Maranhão e quase três anos depois de recuperar das mãos de Wilson Santiago o mandato de Senador que o povo da Paraíba lhe deu, Cássio não tem descuidado de suas bases. Essa é uma das principais razões para Cássio ter preservado seu carisma entre os eleitores e as sublideranças em todo o Estado. Essa é também a razão, em sentido contrário, pela qual Cícero Lucena praticamente some do mapa político estadual onze anos e poucos meses depois de ter feito a bondade de devolver ao Rio de Janeiro o esperto Ney Suassuna, hoje sócio oculto da mal-afamada Cruz Vermelha – ambos sem boa fama alguma.

Apesar de não ter hoje ao menos um vereador para defender sua recandidatura ao Senado, Cícero ainda possui uma boa imagem perante os eleitores da Paraíba, daí pontuar mais de dez por cento das intenções de voto, segundo as pesquisas realizadas até agora por vários institutos, de duas vezes a quatro vezes maior do que candidatos insinuados como Wilson Santiago, Aguinaldo Ribeiro e Lucélio Cartaxo, e acima de Rômulo Gouveia – só perdendo para Zé Maranhão, disparado a candidatura preferida de quase vinte e cinco por cento dos eleitores paraibanos.

 

O PROBLEMA CÍCERO – É precisamente por conta do prestígio que Cícero desfruta perante o eleitor, decorrente de uma docilidade pessoal que se contrapõe diametralmente às perversidades do insensível Ricardo Coutinho, que Cássio vem tendo dificuldades para, com auxilio do trêfego e volúvel Ruy Carneiro, desalojá-lo do PSDB e enxotá-lo da vida pública. O caso Cícero vai testar as habilidades de Cássio nesta fase em que seus sapatos altos podem estar elevados em alguns centímetros, por causa de seu ego inflado até mesmo por adversários antes enfurecidos. Só há uma saída para Cássio se ver livre de Cícero sem custo político: é deixar que os familiares dele (ou ele próprio) celebrem uma aliança com RC, especialmente depois que Cícero saiu do presídio moral em que esteve durante anos, encarcerado por perseguição direta do atual governador. O episódio deprimente da família de Cícero, oferecendo flores a seu carrasco, ou representa o fim melancólico da liderança de Cícero sobre seu núcleo domestico, ou é uma capitulação ética deplorável. Ou, então, é apenas mais um espetáculo de compra e venda de pessoas e opiniões que RC monta a custa de favores do Estado para tentar sair do cerco fechado que a maioria esmagadora da população faz a seu governo e à sua candidatura.

 

O PROBLEMA ZÉ MARANHÃO – Se não conseguir entregar Cícero a RC, a fim de vê-lo morrer sem direito a velório digno, Cássio tem outro grande problema a resolver. Trata-se de avançar nas conversações com o PMDB, diante da iminente retirada da candidatura de Veneziano, sem querer reconhecer em Zé Maranhão a condição de maior líder do partido no Estado, e sem lhe render as homenagens de favorito das pesquisas, tanto quanto Maranhão aceita que ele próprio, Cássio, seja o queridinho do povo para governador. Esta questão é tão grave e terá tantos desdobramentos nas eleições de 2014, que será completamente avaliada no próximo artigo – se antes Ricardo Coutinho não aproveitar as duas próximas noites para resolver isso melhor do que Cássio não conegue resolver à luz de vários dias. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.