CÍCERO LUCENA: PASSAPORTE PRA GUERRA

POR PAULO SANTOS

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A “alforria” obtida pelo senador Cícero Lucena (PSDB), com sua absolvição das acusações na Operação Confraria, talvez fosse o passaporte que esperava para entrar no território de combate da sonhada candidatura à reeleição. Com o atestado de idoneidade moral dado pela Justiça Federal, pode esgrimir sua honestidade onde quiser.
Agora o jogo político ganha outra dimensão. Cícero acredita ser o maior responsável pela alavancagem do nome do também senador tucano Cássio Cunha Lima na disputa pelo Palácio da Redenção em outubro próximo. Alguns dos seus correligionários não concordam com uma chapa “puro sangue”.

O fato de Cícero se libertar dos fantasmas da Confraria – um acontecimento que deu asas à ascensão do hoje governador Ricardo Coutinho (PSB) no cenário político paraibano – não o credenciam, pura e simplesmente, a reivindicar a vaga de candidato ao Senado pois isso inviabilizaria possíveis estratégias de Cássio na elaboração da chapa majoritária.
Exemplo: Cássio já deu passos significativos para ungir o hoje deputado federal Ruy Carneiro como companheiro de chapa na condição de vice-governador. E as conversas com o petebista Wilson Santiago (pai) continuam em primeiro plano. Todas as conjecturas jogam por terra os sonhos de Cícero.
A tese de Cássio, na composição da chapa, parece ser a de que não se faz omelete sem quebrar os ovos. Dessa vez, ao que tudo indica, será sugerido a Cícero que dê uma cota de sacrifício em prol do projeto que ele próprio idealizou, ou seja, alijar quaisquer chances de Ricardo Coutinho permanecer no poder.
O impasse, segundo fontes do PSDB, é que Cícero teria aceitado disputar a Prefeitura da Capital em 2016 e, agora em 2014, deixaria o caminho aberto para seu partido negociar com aliados as vagas de vice-governador e senador, mas teria repensado a situação e deu marcha a ré nessa disposição.
A sobrevida ganha por Cícero na Justiça pode ser transformada em votos? Há quem ache, no ninho tucano, que a performance do Caboclinho no seu mandato de senador não alcançou os índices de aceitação que seus correligionários imaginavam, mesmo que seu relacionamento pessoal continuasse em níveis anteriores.
Os críticos internos de Cícero exemplificam sua aridez de votos com o fato de Cássio ter preferido aliar-se a Ricardo Coutinho em 2010 e, em 2012, não logrou êxito nas eleições municipais em seu único reduto político = a Capital – e perdeu a oportunidade de fortalecer o PSDB no maior colégio eleitoral da Paraíba.