Marina Silva deixa o PV, anuncia vice do partido; Gabeira também sai

O ex-deputado Fernando Gabeira confirmou, nesta quinta-feira (7) sua desfiliação do PV. O anúncio ocorreu via teleconferência entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Na capital paulista, um grupo de lideranças ligadas à ex-senadora Marina Silva está reunido para divulgar a saída do partido e a criação de um movimento com a bandeira “verde e cidadania”. O vice-presidente do PV, o deputado federal Alfredo Sirkis (RJ), já antecipou que a ex-ministra sairá da legenda.

Uma das lidenças mais importantes do PV, Gabeira candidatou-se pela primeira vez a um mandato eletivo em 1986, quando disputou o governo do RJ. Foi eleito deputado federal em 1994 e reelegeu-se para outros mandatos.

Em 2008, disputou a prefeitura do Rio e perdeu para Eduardo Paes (PMDB) no segundo turno por uma diferença de votos menor que dois pontos percentuais. Em 2010, disputou as eleições para o governo do Rio de Janeiro, mas perdeu para Sérgio Cabral (PMDB), que foi reeleito.

Nesta quarta, Gabeira afirmou que a criação do novo movimento é uma resposta ao “problema de aproximar a sociedade dos grandes temas e da participação política”.

Segundo ele, o movimento será criado para responder a essa questão, uma vez que os partidos, na opinião do ex-parlamentar, estão desgastados e distantes da população. “O movimento tem que atuar no governo”.

Gabeira afirmou que o movimento poderá ser agregado por outros partidos ou será necessário criar uma nova legenda. “Acredito que é possível que os partidos sejam capazes de compreender a importância de aderir a um movimento como esse”, disse.

Crise

Desde o fim de junho, há rumores de que a ex-senadora e um grupo de aliados deixarão o PV devido a divergências internas.

Alfredo Sirkis, que confirmou seu afastamento do Partido Verde e da função de presidente da legenda no Rio de Janeiro, afirmou que o movimento não será contra o Partido Verde. “Náo é o milionésimo racha. É um transbordamento do que aconteceu em 2010″, definiu.

Sobre as brigas internas com a atual presidência do PV, Sirkis afirmou que os partidos onde há líderes vitalícios já não têm a mesma força. “Nem no Oriente Médio os grandes ditadores têm conseguido isso”, brincou o deputado federal, fazendo analogia às quedas de governantes naquela região, após anos de ditadura.

Ele afirmou que, nas eleições municipais de 2012, o movimento poderá apoiar alguns candidatos, mas que ainda não será o momento criar um novo partido.

“Já tivemos pedidos no Congresso de deputados querendo mudar em virtude da postura de Marina Silva”, disse, sem citar nomes.

Maurício Brusadin, que presidia o diretório do PV paulista, oficializou a saída da legenda nesta quarta-feira e avaliou que o PV passa por uma crise de intermediação, assim como outros partidos.

Ele citou como exemplos as recentes denúncias sobre o Ministério dos Transportes, a disputa dentro do PR por quem vai ocupar a vaga deixada por Alfredo Nascimento e cobrança por cargos públicos feita ao governo Dilma Rousseff pelo PMDB.

“O PV não é diferente. Não é a toa que essa crise de intermediação está acontecendo. Tentamos de tudo, criamos um movimento de transição democrática, queríamos dialogar, sem atravessadores”, afirmou.