LEALDADE: O PRODUTO É ESCASSO

Gilvan Freire

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Há quem pense que a humanidade evolui para perder os melhores atributos do homem e que sentimentos como a fraternidade e o amor vão desaparecer em certo tempo do Mapa Mundi. De fato, quando a população mundial passa por períodos de barbárie, do cometimento de conflitos, guerras e atrocidades em massa, o povo se perturba e perde a esperança na paz e no espírito benigno dos homens. Mas isso de alguma forma passa e a humanidade reconstrói a paz ou, pelo menos, restabelece a busca pela paz. É uma coisa cíclica ao longo da História.

A perda da fraternidade, de sua vez, gera efeitos colaterais graves, entre os quais a desconfiança e a descrença nas virtudes humanas. É assim que os homens perdem suas melhores qualidades e se deixam mover apenas por interesses e conveniências, especialmente quando os fenômenos econômicos se interpõem produzindo riquezas e ganhos financeiros em grande escala. E, quanto maiores forem os desníveis sociais, a pouca densidade cultural e o atraso econômico experimentados, mais ganância haverá nas populações de países pobres ou em desenvolvimento, como o Brasil. São os males do processo de construção de uma civilização sem bases históricas.

 

A POLÍTICA, NO BRASIL, TALVEZ SEJA A ATIVIDADE QUE MAIS TEM SIDO AFETADA, nesses anos de prosperidade econômica, com a perda de virtudes humanas. A classe política, a busca de vantagens econômicas fáceis, atraída pela corrupção desenfreada e pelo enriquecimento ilícito, abandonou os laços de fraternidade que a unia aos eleitores. Houve épocas em que a política era movida a paixão e os líderes objetos da admiração do povo – em alguns casos, da adoração.

 

Estamos experimentando agora um período crítico de degenerescência dos costumes e de destruição das virtudes. Não há mais fraternidade, só troca de interesses. E isso não parte do povo, parte dos líderes, que perderam o respeito dos eleitores, por causa de seus malfeitos e desonestidades explícitas. O Congresso Nacional, por exemplo, virou um covil da ladroagem e do trafico de influências. No Executivo, o desgoverno governa no lugar do governo e esquece de governar, enquanto a corrupção abastece os políticos e dá aos demais poderes o mau exemplo de que tudo é possível debaixo do Sol e da Lua – dia e noite.

 

PROBLEMAS COMO A MENTIRA, DESCOMPROMISSO COM A PALAVRA E A DESLEALDADE PASSARAM A SER COMUNS entre os políticos e o povo. É um escracho geral – uma farra de indecências.

 

Cássio Cunha Lima sinaliza cada vez mais que prefere Ruy Carneiro como seu vice, descartando Luciano Agra, a indicação do PEN, um nome robusto e ainda sem máculas políticas – vítima da deslealdade de Ricardo Coutinho e, agora, de Luciano Cartaxo. Segundo Cássio, a virtude de Ruy é ser leal, a mesma virtude que Cícero acusa veementemente Ruy de não tê-la, a não ser enquanto podia o favorecer de muitas e variadas formas. De certeza, Ruy já se esbalda em lealdade a Cássio, da mesma forma que já foi a Cícero e não é mais. E Cícero nem tem mais a lealdade de Ruy – nem de Cássio. Que denominação se pode dá a isso?

 

Mas o exemplo de Ruy e Cássio não é mais edificante do que os mil exemplos dados por Ricardo Coutinho, que já traiu mais de noventa por cento do famigerado ‘Coletivo Girassol’, um aglomerado de fanáticos descerebrados, composto de pessoas que possuíam cabeça mas não tinham o direito de pensar, para que a cabeça tonta de RC pensasse por todos. Será que a culpa de tudo não é de RC? Afinal, não foi RC quem fundou a República e a Paraíba e vem dando exemplos de como o povo deve proceder? Contudo, qual será o papel do PT, Luciano Cartaxo e essa enorme legião de traidores que todo dia anunciam posições conflitantes de “lá e lô”, servindo a Deus e ao diabo ao mesmo tempo, ou servindo ao diabo e disservindo a Deus?