Tucanos e petistas travam guerra na internet e recorrem à justiça

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Adversários na disputa presidencial, PSDB e PT vão travar na Justiça o que ambos estão chamando de “guerra suja na internet”. Ou, a depender dos últimos episódios, a “guerra do endereço IP”, número de registro de computadores que ajuda a identificar de onde saem perfis falsos e boatos.

Advogados do senador Aécio Neves, pré-candidato tucano ao Planalto, dizem que entrarão com representações no Ministério Público Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que sejam apuradas as denúncias de que computadores de funcionários da Prefeitura de Guarulhos, comandada há 14 anos pelo PT, foram usados para criar páginas com ofensas ao mineiro em redes sociais. O caso foi revelado na edição de domingo, 25, do jornal Folha de S.Paulo.

Para o deputado Carlos Sampaio, coordenador jurídico do PSDB, o caso do perfil falso criado em Guarulhos comprovou que existem “quadrilhas virtuais” organizadas na internet para difamar o senador tucano. O grupo agiu por meio de perfis falsos no Facebook e no Twitter, como um chamado “Aécio Boladasso”.

Criado inicialmente como uma cópia do “Dilma Bolada”, página de humor simpática à presidente Dilma Rousseff, a página logo passou a propagar que o senador tem o hábito de consumir álcool. Segundo Sampaio, o PSDB pedirá na Justiça que os responsáveis pelo perfil paguem multa de R$ 100 mil. Ele também afirma que processará os envolvidos por crime contra a honra e formação de quadrilha.

Lulinha. Os apoiadores do projeto reeleitoral de Dilma, por sua vez, pretendem tomar medidas judiciais contra o grupo que disseminou nas mesmas redes sociais os boatos de que Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, é dono de fazendas e sócio da Friboi, do grupo JBS.

Um inquérito aberto no 78.º Distrito Policial de São Paulo, que corre em segredo de Justiça, investiga se Daniel Graziano, filho do ex-ministro Xico Graziano, coordenador de redes sociais da pré-campanha de Aécio, tem participação no episódio. Ele foi um dos seis intimidados e prestou depoimento no fim de abril, depois que os advogados de Fábio Luís rastrearam o IP de onde partiram os boatos.

Conforme revelou a coluna Direto Fonte, do Estado, os boatos foram disseminados a partir do site Observador Político, do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), do qual Daniel Graziano é gerente administrativo.

Em postagens que se propagaram no Facebook, o filho de Lula é apontado como dono de um jatinho de US$ 50 milhões, uma grande fazenda no interior do País e acionista controlador do frigorífico da JBS. A suposta fazenda exibida na internet como sendo de Fábio Luís é, na verdade, a sede da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq – USP), localizada em Piracicaba (SP).

“Imagine se tivessem surgido no computador do filho do Lula no instituto do ex-presidente rumores de que a filha de Aécio é sócia da Friboi?”, questiona o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador jurídico do PT. Ele afirma que está acompanhando “com especial atenção” o caso e que também pode levar o caso ao TSE e ao Ministério Público.

“Espero que a vontade de investigar não seja seletiva. Pau que bate em Chico tem que bater em Francisco.” Para o deputado estadual Alencar Santana, do PT de Guarulhos, os dois casos têm “a mesma proporção”. “O caso aqui de Guarulhos está superado. A prefeitura vai abrir um sindicância”, disse.

Procurada pelo Estado, a Fundação Fernando Henrique afirmou que foi o comentário de um internauta que motivou o “caso em questão” e que os boatos sobre o filho de Lula “não expressam a opinião da instituição”.

Versões. Em outro capítulo da “guerra virtual” entre tucanos e petistas, o estudante Jeferson Monteiro, dono do perfil “Dilma Bolada” nas redes sociais, afirmou que foi assediado para trabalhar na campanha presidencial de Aécio. A página criada por ele ficou famosa na internet pelas sátiras feitas a Dilma e pelas piadas com os adversários.

Estadão