SAINDO DAS SOMBRAS

POR PAULO SANTOS

Um pequeno discurso e um aparte, durante a sessão ordinária de hoje (14) da Assembleia Legislativa da Paraíba, foram eloquentes demonstrações de mudança no comportamento e raciocínio de alguns deputados estaduais diante da nova realidade política da Paraíba nessa ridícula fase que chamam de “pré-campanha eleitoral” quando todos já estão em campanha.
A deputada Léa Toscano, socialista dissidente do PSB do governador Ricardo Coutinho, foi à tribuna para denunciar – isso mesmo: denunciar! – perseguições políticas originadas no Palácio da Redenção e que estariam ceifando inocentes cabeças de pessoas ocupantes de cargos temporários na área de saúde de Guarabira.
É provável que muitos dos que hoje perdem o emprego e, consequentemente, o ganha-pão, sejam pessoas outrora nomeadas pela própria deputada Léa e por seu marido, o prefeito guarabirense Zenóbio Toscano, hoje também secretário-geral do ninho tucano na Paraíba e igualmente ex-intransigente defensor dos modelos político e administrativo do governador Coutinho.

O pronunciamento da deputada Léa deve ter se originado na vã tentativa de desfraldar uma falsa bandeira em defesa dos “perseguidos” pelo Governo. Por que só agora, quando o jogo da sucessão paraibana começa a ser jogado, que a eminente parlamentar descobre que há um Governo perseguidor instalado no Palácio da Redenção? Isso é oportunismo.
Há até poucos meses a deputada Léa Toscano cantava alvíssaras para o Governo e para o próprio Governador, lembrando minguados “benefícios” para suas áreas de atuação política. Nunca agradeceu, entretanto, às inúmeras nomeações que amealhou durante sua permanência na base de RC e que hoje devem estar inclusas nos pacotes de demissões.
A intenção de Léa, em denunciar o que ela classifica como arbitrariedades, pode ter sido das melhores, mas vem tarde e atrasada pois somente se manifesta quando o feitiço vira contra os aprendizes de feiticeiro. Não se viu nenhuma solidariedade às suas palavras porque não se tratava de reivindicação, mas de pseudo-denúncia.
Esse tipo de discurso político, inflamado e pretensamente oposicionista, muito será ouvido por cristãos-novos da circunstancial oposição, mas não obtêm maiores repercussões porque carecem de autenticidade, pois estão revestidos apenas de revanchismo, sem o DNA de quem se estabeleceu no ‘pedaço”.
O aparte foi do deputado Domiciano Cabral (DEM) interferindo na questão da MP de RC que tentava reduzir de 6% para 5% o aumento para professores e funcionários da UEPB foi na mesma desorientada direção da “denúncia” de Léa. Domi, detentor de vasta experiência parlamentar (como ex-vereador e ex-deputado federal) nunca se expôs, nesse mandato, para defender a UEPB das investidas persecutórias do Palácio da Redenção.
Essa seria uma ótima oportunidade para que os políticos refletissem a respeito dos passos que dão durante suas trajetórias, com ou sem mandato. Errar é humano, ficar no erro é sandice e querer consertar um erro da noite para o dia é se auto-considerar culpado. O pré-candidato a Governador Cássio Cunha Lima ainda ouvirá muito o barulho das correntes dos fantasmas do atual Governo. E não venham dizer que não sabiam do que aconteceu nos últimos três anos.