O Homem é Pedro!

Prof. Lúcio Villar

pedro gondim

Já reiteramos e louvamos aqui iniciativas oficiais estrategicamente pensadas no sentido de fixar imagem positiva da Paraíba através do cinema e suas múltiplas vias transversais, a extrapolar limites estaduais e territoriais de um país. Arte estratégica que precisa ser pensada como tal, isto é, como política de Estado.

Cássio Cunha Lima, em cujo mandato o filme “Romance”, de Guel Arraes, foi rodado em Cabaceiras, e, um pouco antes, do mesmo diretor, a microssérie “Auto da Compadecida”, durante o Maranhão I. Absoluto sucesso de público e crítica, depois se tornaria filme de equivalente êxito.

Mas, justiça seja feita. O exemplo, na verdade, vem do ex-governador Pedro Gondim que abraçou o projeto de um jovem cineasta, Walter Lima Jr., que faria história no cinema brasileiro dos anos sessenta através de sua primeira obra em longa-metragem (“Menino de Engenho”, 1965).

 

No feriadão, mergulhado estive em pesquisa sobre Walfredo Rodriguez, personagem central de meu doutoramento. Descobri preciosidades documentais que só amplificam as virtudes do ex-governador no ano de seu centenário. Publicado pela editora Brasiliense, o clássico “Roteiro Sentimental de uma Cidade” (1963), de Rodriguez, foi apoiado por Gondim. Antes dessa chancela, o livro “História do Teatro da Paraíba” (1960), também assinado pelo ‘primeiro cineasta’, editado o foi pela Imprensa Oficial.

 

Enfim, a mão generosa de um governo com perfil cultural incomum, há cinquenta anos fez a diferença, o que nos autoriza afirmar a contemporaneidade de Gondim enquanto fonte segura de inspiração. A questão, hoje, é o abismo que separa intenção e gesto, gerando uma estranha invisibilidade dos atores oficiais ‘em cena’, para desesperança da plateia que não aplaude, nem tampouco pede bis.