Paraíba põe batata quente nas mãos da cúpula nacional tucana

Sérgio Botêlho

Nesta terça-feira, 22, a direção nacional do PSDB tem uma decisão indigesta a tomar, envolvendo a seção do partido na Paraíba. Com a deliberação, será possível saber qual o futuro político do senador Cícero Lucena.
O problema é fácil de entender, mas difícil de solucionar: o senador Cássio Cunha Lima quer liderar a chapa tucana na disputa pelo governo estadual, e, para isto, deseja ter a vaga de Cícero, ao Senado, para negociar com outras legendas.
A intenção de Cássio é óbvia: construir palanque eleitoral para a campanha, com o objetivo central de aumentar seu tempo no horário eleitoral gratuito da TV, visto como de grande importância para o processo.
Há conversas adiantadas entre Cássio e o ex-senador Wilson Santiago, e seu PTB, para a disputa senatorial. Santiago soma tanto eleitoralmente quanto o PTB contribui para o cobiçado acréscimo de tempo de televisão na campanha. Pronto! Está feita a confusão.
E por que confusão? Porque Cícero não é um militante tucano qualquer. Durante os seus oitos anos de mandato, foi de uma fidelidade irreparável ao PSDB, no Senado, formando sempre na linha dos principais críticos aos governos petistas. Sem pestanejar.
Na recente campanha de 2010, o PSDB paraibano enfrentou situação parecida. E, na época, também o sacrifício de Cícero, então presidente tucano no estado, era a solução: Cícero queria ser candidato ao governo, e Cássio desejava apoiar a candidatura de Ricardo Coutinho, do PSB.
Não deu outra. Após resistir por algum tempo, Cícero Lucena recuou da disputa, Cássio e o PSDB formalizaram apoio a Ricardo, e o PSB ganhou a eleição contra o então governador do Estado, José Maranhão, do PMDB.
Desta vez, Cássio rompeu a aliança com Ricardo, e pretende enfrentar o socialista nas urnas, numa disputa que terá ainda como um dos protagonistas, o ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rego, do PMDB, que deverá ter o apoio do PT local na peleja contra Ricardo e Cássio.
Não é uma pinimba fácil de resolver, agora. A renúncia de Ruy Carneiro, por exemplo, à disputa pela reeleição a deputado federal parece não contemplar possível arranjo para colocar Cícero na disputa por vaga na Câmara Federal. Cícero teria de encerrar sua carreira política.
Mas, o que fazer? Os tucanos precisam da vaga de Senado, o que só vai acontecer caso Cícero desista de concorrer. Ele não parece, até este momento, disposto a novo sacrifício. Pense numa batata quente nas mãos da cúpula tucana nacional!