Polêmicas

O PMDB NÃO REAGE. CÍCERO REAGIRÁ

Gilvan Freire

Cicero_lucena

                        O PT está firmemente decidido a matar o PMDB por asfixia. A esganadura já chegou ao limite do suportável e o PMDB apenas agoniza lentamente. Quem foi o PMDB, o maior partido do Estado e dono de muitos votos! Causa comoção ver um partido tão robusto e historicamente tão valente chegar a esse nível de avacalhamento, vítima de um processo planejado de esmagamento e humilhação, recusado até para ser parceiro numa eleição problemática como esta  de 2014 em que os políticos, de um modo geral, valem menos que um risco na água e o PT, embora ainda arrogante, se desintegra moralmente e amplia seus espaços nos cárceres.

Mas, por qual razão o PMDB se submete aos caprichos do PT estadual e purga essa desmoralização escrachante de mendigar seu apoio à candidatura de Veneziano, quando a principal beneficiada é Dilma, cuja candidatura ameaça fazer fumaça? É simples: Luciano Cartaxo não ama o PMDB mas ama a Cássio que não ama Dilma que não ama o Nordeste e nem sabe que Luciano ama mais a Lucélio do que ao resto. Luciano quis colocar Lucélio na chapa de Cássio, mas a cúpula do PT refugou e mandou fazer uma resolução proibindo o casamento. Mas não proibiram o namoro clandestino e a amigação intramuros.

O PMDB sabe de tudo e não diz nada, nem se incomoda com o desprestigio público de que está sendo alvo, mesmo sendo bem maior do que o PT e tendo em seus quadros inúmeras lideranças de maior expressão. Essa é a melhor brincadeira que o PMDB aceita para morrer de véspera. Mas, o que falta para o PMDB sair da esganadura e recuperar a honra de seus militantes e eleitores? Falta um grito. Falta altivez. Falta um líder.

 

CÍCERO NÃO SUCUMBIRÁ ÀS TRAIÇÕES

Enquanto o PMDB definha à falta de um líder combativo que não seja capaz de aceitar a desmoralização e o menoscabo ostensivo do PT, Cássio aproveita a sua superioridade eleitoral para brincar com as pecas do xadrez político estadual, dando-se ao luxo de aceitar o rastejamento de antigos e cruentos desafetos e de enxotar da vida pública o mais leal de todos os seus históricos aliados. Assim é que se propõe a dar a Wilson Santiago oito anos de Senado pelo simples fato de que Wilson já lhe tomou um ano de seu atual mandato e contestou na justiça o restante. Já para Cícero, que tem um mandato de Senador pelo PSDB, o partido de Cássio, não sobra um gesto de amizade e proteção, mesmo sendo o favorito nas pesquisas de intenção de voto. Se Wilson merece um prêmio, por que Cícero merece um castigo?

 

Além de ter a vaga de Senador para Santiago, e não para Cícero, Cássio dará a vaga de vice a Ruy Carneiro, para que Cícero se sinta traído por Ruy, e não por ele. Por Ruy, de fato, Cícero já vem sendo traído há tempos, mas certamente não esperava por esta – embora muita gente estivesse vendo os zigue-zagues pelo andar da carruagem.

 

Não sendo solução para Cássio nesta fase áurea do cassismo, e descartado como peça antiga sujeita a reposição, Cícero é o brinquedo perigoso de Cássio que pode criar um fato novo à sua candidatura e um acidente de percurso na eleição. Cássio precisa evitar a qualquer custo que cresça contra a sua biografia a pecha de ingrato, personalista, familista e traidor, cuja massificação já vai cuidar do discurso de seu maior inimigo hoje: o avariado e combalido mas perigoso rei Ricardo, que só precisa de uma pequena razão para transformá-la em grande. De qualquer forma, formando uma chapa extremamente conservadora, que mais parece uma Arca de Noé, mas deixando um bicho de estimação de fora, Cássio pode ser vítima do excesso de carga. É o risco. E, se o PMDB ressurgir das cinzas, o risco se agrava muito.