CINCO CHAPAS PARA AGRADAR AO ELEITOR

Gilvan Freire

                        Como seriam hoje, hipoteticamente, as chapas de agrado do eleitor que representariam o pensamento político do imaginário coletivo do povo paraibano e a verdadeira ambição dos líderes e seus respectivos partidos?

CHAPA 1 – CÁSSIO, AGRA E CÍCERO. Essa é uma chapa quase perfeita, que atende ao cassismo (a maior instituição política do Estado na atualidade), fortalece Cássio em João Pessoa (com dois ex-prefeitos), contempla o anti-ricardismo em sua base eleitoral (Agra e Cícero são os dois maiores e mais legítimos adversários de Ricardo), e dá a Cícero de novo o mandato de Senador que ele já tem, dado antes pelo cassismo e pelo PSDB. Cícero, dizem todas as pesquisas, é o favorito para o cargo, só levando desvantagem para Zé Maranhão.

CHAPA 2 – VENEZIANO, ROBERTO PAULINO E ZÉ MARANHÃO. Essa é a chapa dos sonhos de todos os peemedebistas do Estado, o maior colégio de filiados partidários dos últimos tempos. Essa chapa uniria dois ex-governadores e o maior líder das novas gerações, surgido após a era de domínio de Cássio, preciosamente em seu terreiro – Campina Grande. Veneziano é o verdadeiro anti-Cássio, herdeiro e sucessor de Zé Maranhão no maranhismo – uma organização política de base que disputou pau a pau o governo na Paraíba e alternou-se no poder com o cassismo nesses quase vinte anos. A chapa ainda teria a vantagem de resgatar a honra eleitoral do PMDB diante dessa acachapante humilhação que está lhe impingindo o PT e seus líderes amadores, inábeis, inconfiáveis e desagregadores. Ou o PMDB reage com um mínimo de dignidade partidária ou está condenado ao fiasco nas eleições. Chegará a um ponto em que não conseguirá conter a fuga dos próprios peemedebistas, que sentirão atraídos por outros líderes de outras agremiações.

  CHAPA 3 – RICARDO, ESTELA E RÔMULO. Quem ocupasse eventualmente o lugar de Rômulo ou de Estela iria sofrer o que o diabo suportou, porque RC não reconhece a lealdade, só a submissão. Estela, que foi a escolhida de Ricardo para ser prefeita da Capital (onde passou a ser conhecida), é o nome para se contrapor à Agra e Cícero, exatamente na localidade em que RC teve mais perdas nesses quatro anos. Rômulo certamente acha que Campina pode lhe salvar, já que RC, vivendo as amarguras de final de safra frustrada, nada pode lhe acrescentar. Mas o governo poderá lhe garantir estrutura e recursos, embora a confiança mutua seja próximo a zero. Se Campina não puder ajudar a Rômulo, por amor a Cássio e a Veneziano, ele irá ao funeral político do rei RC representando os demais defuntos do pleito.

 

CHAPA 4 – NADJA, LUCÉLIO E LUIZ COUTO. Se o PT ama a Dilma, terá de fazer o mais dramático de todos os sacrifícios por ela: unir-se. É bem melhor do que ter de trair os candidatos a governador de outro partido, como tem feito em todas as eleições passadas na Paraíba. Se Luciano Cartaxo lançou Nadja para implodir o blocão (o finado flocão), passando para ela seu prestigio eleitoral, deve colocar seu irmão na chapa para completar a obra que seria (como será a campanha do irmão), toda custeada com dinheiro público. Ai, então, o planalto forçaria a saída de Luiz Couto dos cós do governo Ricardo, se é que o sacerdote piedoso, somente por afeição a Dilma e ao próprio PT, deixará dois governos para ficar somente com um. Essa chapa (a melhor entre outras que possam ser engendradas dentro do PT), possivelmente ainda não unificaria o PT, porque nem Dilma (nem Deus) será capaz de unir o prelado à sua freguesia petista. Mas, não seria muito melhor do que vê-los trair os de fora, que nada têm a ver com seus inconciliáveis amundiçamentos internos?

 

CHAPA 5 – AGUINALDINHO, EFRAIM MORAIS E WILSON SANTIAGO. Mudar essa chapa de um lado para o outro não faz a menor diferença. Os três têm um perfil assemelhado e diferem apenas em questão de vínculo partidário, porque cada um é dono de seu próprio partido, um feudo familiar que controlam com fervor doméstico. Nenhum deles consegue grande projeção isoladamente, mas as ambições de todos, faz tempo, passam pelo sonho de exercerem uma liderança alternativa no Estado, um dia, uma espécie de “nova via”. Esse projeto parece cada vez mais inexequível individualmente, daí porque valeria a pena se juntarem para fazer uma chapa que possa medir o poder eleitoral do conjunto. Melhor que ficarem se oferecendo a um e a outro mediante barganhas recheadas de contradições e controvérsias. Seria a primeira chance de saírem de cima do muro e assumirem uma posição às claras. Parece coisa inatingível.

 

Se, porém, o objetivo dessas chapas for o de dá satisfação ao eleitor, evitar traições e contradições, clarificar a vida pública e resgatar a dignidade da atividade política, podemos ter a certeza absoluta de que, além de impossível hoje, isso é inaceitável e indefensável até mesmo aos próprios líderes. Eles pensam diferente dos eleitores.