MOLEQUES SOMOS NÓS

Gilvan Freire

                     intermares

Essa questão do Shopping Intermares, que levou Rubens Nóbrega a um desabafo de página inteira, nesta quinta, no Jornal da Paraíba, é um dos sinais mais inquietantes da desgraça moral generalizada que tomou conta da atividade política no Brasil inteiro e, de modo particular em regiões atrasadas e pobres como a Paraíba.

Em estados mais civilizados, como os estados do Sul e certas regiões do Sudeste, que receberam em sua formação cultural a influência de povos europeus, especialmente nos últimos dois séculos, a bandalheira é menor, porque, se a cultura não resolve todos os problemas da sociedade, a falta dela leva a população à indigência moral e ética.

NÃO SE SABE O QUE VAI ACONTECER EM BREVE COM O BRASIL diante de seu imenso crescimento econômico, com reflexos diretos sobre a conscientização do povo, por causa dos efeitos da globalização do conhecimento e da informação e do domínio da internet. Mas os baixos rendimentos do aprendizado escolar em todos os níveis, com o manifesto descomprometimento das instituições públicas e dos governos de cima a baixo, piora o país no plano cultural e emperra as reformas sociais que precisam ser realizados, inclusive nas questões dos costumes.

 

No caso nordestino, de modo notável no caso da Paraíba, onde a devassidão moral política alcançou patamares nunca vistos antes, está na hora de a população toda aderir ao despudor e se banquetear dessa farra sodômica inaugurada pelos políticos locais. Afinal, se há muita graxa na sopa e ninguém nada tem contra sopa, não há porque todos não se esbanjarem na soparia.

 

Em Cabedelo, onde parte da população tem sangue indígena, extraído de seus ancestrais tribais, ao que parece e se demonstra os políticos carecem de uma pisa de borduna, se melhor não for serem torturados com flechas envenenadas como são massacrados os peixes e caças da vida na selva.

 

MAS, ENQUANTO OS POLÍTICOS DE CABEDELO DANÇAM, FUMAM CACHIMBOS E PISAM SOBRE ESSE POVO PRIMITIVO e generoso, bom de índole mas indolente como seus ascendentes mais antigos, a sociedade pessoensse  assiste a esse espetáculo chocante, em que uma nação racial contemporânea, vizinha de mar, volta atrás no tempo e se deixa subjugar por invasores piratas inescrupulosos e saqueadores.

 

A coisa está tão revoltosa e afrontosa que é melhor deixar que a sociedade de Cabedelo reaja, se tiver forças morais suficientes, ou então se entregar de vez ao mando dos selvagens alienígenas e divida com eles a férea do proprinoduto que liga a Veneza portuária à Terra das Acácias e aos predadores comuns.

 

Existe mesmo, em Cabedelo, pelo menos, um porto de esperança urbana? Ou então a velha tribo vai ter que ressurgir das cinzas, sem flecha, sem tacape e sem veneno?