Imagine se fosse possível acabar com toda a sede do mundo com o uso de um laboratório. A ideia é simples: sabendo a fórmula da água (H2O), cientistas fariam o líquido em ambiente controlado e ele seria distribuído ou vendido às regiões mais necessitadas.
E isso é, de fato, possível? Tecnicamente, sim. Mas os custos seriam tão altos, que dificilmente essa seria uma opção.
Segundo o químico Fernando Galembeck, professor da Unicamp, a ciência sabe como pegar dois hidrogênios e uni-los a um oxigênio para formar uma molécula de água. A técnica existe e é conhecida. O problema, entretanto, está no custo da operação.
É muito caro conseguir o hidrogênio, já que ele precisaria vir do petróleo.”
Fernando Galembeck, professor da Unicamp
Apesar de existir na atmosfera, como o oxigênio, ele está presente em quantidade bem menor no ar. Portanto, a melhor maneira de conseguir hidrogênio é como derivado do refinamento do petróleo. Além disso, a reação de formação da molécula da água é muito perigosa, já que existe liberação de energia.
“Em grande quantidade, haveria uma liberação muito grande de energia. [A reação de formação da molécula] poderia ser explosiva”, comenta Amanda Pavão, diretora de projetos da Química Jr. Unesp Araraquara.
De acordo com Galembeck, hoje ainda é mais barato fazer a dessalinização da água ou o tratamento de esgoto (a ponto de deixar a água 100% consumível), do que produzir o líquido em ambiente controlado. “Países como o Kuwait, por exemplo, optaram por tratar a água do mar, e não em produzi-la em laboratório”, comenta o químico.
Comida de laboratório
Outros produtos para consumo alimentar também vêm ganhando espaço dentro do laboratório. É o caso da carne de vaca! Em 2013, um grupo de cientistas da Universidade de Maastricht, na Holanda, produziram o primeiro hambúrguer 100% feito em laboratório.
Para criar o pedaço de carne, foram usadas células tronco de duas vacas de raças diferentes. Essas células foram criadas in vitro –sofreram tratamento, viraram fibras, receberam novos tratamentos e coloração artificial e, por fim, foram misturadas com alguns temperos e outros ingredientes. O custo total do projeto do singelo hambúrguer foi de 250 mil euros.
Criada em 2014, a empresa Perfect Day tem um objetivo muito claro: produzir leite de vaca em laboratório. O leite produzido pela empresa promete ainda ser mais nutritivo e seguro, quando comparado ao de origem animal. Além disso, o produto da empresa é livre de lactose, colesterol, hormônios e antibióticos.
A receita usa leveduras e algumas técnicas de fermentação, uma mistura especial de açúcares vegetais, gorduras e minerais. O produto final, defende os criadores, pode ser usado para fazer queijos, iogurtes, achocolatados, sorvete e até pizzas. A empresa prevê lançar a primeira versão do seu leite ainda este ano.
Fonte: UOL