Nostalgia

ELEIÇÕES HISTÓRICAS: Relembre as principais disputas pela Prefeitura de Sousa

As eleições municipais são famosas por suas disputas acirradas e históricas que norteiam milhares de cidades do país a cada quatro anos.

Arte: Marcelo Jr
Arte: Marcelo Jr

As eleições municipais são famosas por suas disputas acirradas e históricas que norteiam milhares de cidades do país a cada quatro anos.

Aqui na Paraíba, cada município tem sua particularidade. Existem aquelas cidades onde a população é totalmente dividida e que as eleições são decididas por uma margem mínima de votos, por outro lado vemos locais capitaneados por famílias ou grupos políticos, que conseguem ficar mais de 20 anos no poder.

Após o fim da Ditadura Militar, houve a instauração do pluripartidarismo e o retorno das eleições livres na capital, o que proporcionou uma maior liberdade e mudanças profundas na política paraibana que se intensificaram a partir de 1985.

Nessa matéria nós iremos relembrar seis das disputas mais acirradas em Sousa, seus atores políticos e todo o enredo de grandes embates da história na cidade do Vale dos Dinossauros.

O pleito de 1992 tinha como principais nomes, um Vereador de primeiro mandato, o Deputado Estadual mais votado da Paraíba e um estreante famoso na cidade.

A eleição englobou apenas três candidaturas: Dedé Veras (PSDB), Doutor Marizinho (MDB) e Deusdete Queiroga (PRN).

Francisco Veras Pinto de Oliveira, mais conhecido pelo apelido de Dedé Veras, havia sido o Vereador mais votado no pleito de 1988 e apareceu como candidato a Prefeito em sua segunda eleição, sendo apenas um figurante nestas eleições.

Os dois candidatos que polarizavam o pleito era o estreante em disputas majoritárias, Mauro Abrantes Sobrinho, mais conhecido como Doutor Marizinho e o Deputado Estadual Deusdete Queiroga.

Abrantes era um médico bastante conhecido na cidade, tendo sido Presidente do Riachão Campestre Clube, o clube social mais famoso de Sousa. Esses predicados o levaram a sair candidato pelo MDB, apoiado pelo Prefeito João Estrela.

Deusdete havia se tornado Deputado em sua primeira eleição, sendo o mais votado de toda a Paraíba, com mais de 23 mil votos, o que o colocava como um nome perigoso à sucessão do Prefeito.

Mas a força do grupo de Estrela foi preponderante e Marizinho foi eleito com 18.856 (53.81%) dos votos, contra 14.091 (40,21%) de Deusdete.

O pleito de 2000 tinha como principais nomes, o atual Prefeito, seu adversário no pleito anterior e um representante dos Gadelhas.

A eleição englobou quatro candidaturas: Doutor Pepê (PL), Lúcio Matos (MDB), Salomão Gadelha (PFL) e João Estrela (PDT).

A eleição de 1996 teve como únicos candidatos o até então Vereador Lúcio Matos e o ex-Prefeito João Estrela. Estrela venceu de forma tranquila, atingindo mais de 60% dos votos.

Os dois candidatos retornaram ao pleito quatro anos depois, mas tiveram a companhia de Salomão Gadelha. Irmão dos Deputados Doca, Renato e Marcondes, Salomão tinha disputado uma vaga na Câmara Federal em 1986 e 1990, tendo como melhor colocação, a segunda suplência do PFL em 86.

Amparado pela força de Marcondes, que havia retornado a Brasília em 1998, Gadelha se colocava como o principal desafiante a reeleição de João Estrela, mesmo com o apoio do Governador José Maranhão a candidatura de Lúcio Matos.

Mas, para aqueles que esperavam uma eleição polarizada entre Salomão e Estrela, viu uma rara equiparação tripla, decidida nos mínimos detalhes.

Estrela foi reeleito ao atingir 12.040 (39,56%) dos votos, versus 9.566 (31,43%), de Salomão e 7.403 de Lúcio (24,32%).

A eleição englobou três candidaturas: Salomão Gadelha (PTB), Lúcio Matos (PDT) e Doutor Zé Célio (PSB).

O Prefeito João Estrela ficou pouco mais de dois anos no cargo, sendo cassado em abril de 2002. Com a saída de Estrela, Salomão Gadelha, assumiu o resto do mandato.

Para o pleito de 2004, o Prefeito teve como adversários, o ginecologista José Célio de Figueiredo, mais conhecido como Doutor Zé Célio, estreante em eleições e Lúcio Matos que retornou a disputa pela terceira vez, agora apoiado pelo grupo de João Estrela.

O médico conseguiu ter mais de 10% dos votos, mas a disputa ficou polarizada entre o Prefeito e Matos, que conseguiu rivalizar a eleição, como pouco se esperava, vide as votações anteriores.

Salomão foi reeleito com pouco mais de mil votos de vantagem, ao atingir 15.426 (46,46%) dos votos, contra 14.096 (42,46%), de Matos.

A eleição englobou quatro candidaturas: André Gadelha (PMDB), Lúcio Matos (PPS), Fábio Tyrone (PTB) e José Cândido (PSOL).

Primo do ex-Deputado Federal e Senador Marcondes Gadelha e do Prefeito Salomão, André Gadelha foi eleito Vereador em 2000 e Vice-Prefeito na chapa encabeçada por Gadelha em 2004. Após a saída de Salomão, André foi elevado a ser o candidato natural do grupo que dominava a cidade desde 2002.

No outro lado, se apresentava um empresário que era estreante na política e que conseguiu unir a oposição. Fabio Tyrone Braga de Oliveira havia fundado em 1994, a distribuidora alimentícia Pau Brasil, que em pouco temo, já havia se tornado uma das maiores empresas do ramo na Paraíba.

Para tentar destronar o clã Gadelha, Tyrone se aliou aos grupos de Lindolfo Pires e João Estrela, tendo como Vice, a filha do ex-Prefeito, Johanna Estrela.

A união das oposições foi o diferencial no pleito, que é até hoje a disputa mais acirrada em Sousa, com a vitória de Fábio por apenas 121 votos, 17.971 (49,97%), contra 17.850 (49,63%) de Gadelha.

A eleição englobou três candidaturas: André Gadelha (PMDB), Lindolfo Pires (DEM) e José Cândido (PSOL).

Após a derrota sofrida em 2008, André se tornou Deputado Estadual ao atingir mais de 33 mil votos, na eleição de 2010. Mas para essa disputa, ele não teria como principal adversário o Prefeito Fábio Tyrone.

Alegando motivos de foro íntimo, Tyrone desistiu de disputar a reeleição e decidiu indicar o Deputado Estadual e Secretário do Governo Ricardo Coutinho, Lindolfo Pires.

Pires que estava em seu quarto mandato na Assembleia, continuou tendo Johanna Estrela como companheira de chapa, reafirmando a aliança com o grupo Estrela.

Mas André não ficou atrás nas alianças e conseguiu se unir ao grupo do Doutor Zé Célio, colocando o médico como seu companheiro de chapa.

Em mais uma outra eleição polarizada, Gadelha conseguiu vencer por uma margem mínima e retomar a cadeira de Prefeito para a família, que havia perdido o ex-Prefeito Salomão, em um acidente trágico no final de 2010.

André teve 18.780 (50,73%) dos votos, enquanto Lindolfo atingiu 18.029 (48.70%).

A eleição englobou apenas duas candidaturas: André Gadelha (PMDB) e Fábio Tyrone (PSB).

Após desistir de disputar a reeleição no pleito anterior, Fábio Tyrone decidiu voltar a política em 2015, amparado pelo Governador Ricardo Coutinho.

Tendo como Vice, o Presidente do PSD em Sousa, Zenildo Oliveira, Tyrone conseguiu reunir ao seu lado os grupos Estrela, Abrantes e o Doutor Zé Célio, companheiro de chapa de André em 2012, que rompeu com o Prefeito em apenas 5 meses de mandato.

Tendo a força do Governo e de toda a oposição ao seu lado, Tyrone conseguiu derrotar André pela segunda vez, dessa vez de uma forma mais tranquila que os pleitos anteriores.

Fábio alcançou 20.059 (52,93%), contra 17.836 (47,07%) do então Prefeito, aplicando uma vantagem de mais de 2 mil votos, impensada antes da eleição, pela polarização e equilíbrio entre os dois grupos.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba