Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Ladeira da Borborema - Por Sérgio Botelho

Segundo registro do saudoso historiador Wellington Aguiar, a atual Ladeira da Borborema, onde ainda residem famílias que resistem ao tempo e a naturais dificuldade

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Ladeira da Borborema - Por Sérgio Botelho

Segundo registro do saudoso historiador Wellington Aguiar, a atual Ladeira da Borborema, onde ainda residem famílias que resistem ao tempo e a naturais dificuldades, já foi de São Bento e da Catedral.

Em boa parte da existência pessoense, a cacimba da Jaqueira, no sopé da íngreme subida, era uma das fontes de água potável que abastecia a cidade e matava a sede do povo. Portanto, tem muito a ver com a nossa sobrevivência.

Quando falo da Ladeira da Borborema, não tem jeito, automaticamente evoco a inesquecível figura de Caixa d’Água, apelido pelo qual ficou conhecido o poeta Manoel José de Lima, que a desceu e subiu inúmeras vezes a caminho de sua residência, situada nas imediações, vindo ou indo para a boêmia. “Ladeira da Borborema, eu subo em tu e tu num sobe neu”, teria ele lavrado em um poema, certo dia, fato que sempre negou.

Desde os tempos iniciais da capital paraibana, ligando a rua da Areia à Rua Nova (atual General Osório), se constituiu num dos caminhos entre a cidade baixa e a alta, promovendo a chegada de fiéis às missas da Igreja de São Bento e da Catedral.

Interditada aos automóveis, em tempos de Festa das Neves, integrava o espaço geográfico do evento, como endereço da tradicional Bagaceira, no setor profano da festa da padroeira da Paraíba e de João Pessoa, em que pontificavam barracas mais populares a servirem tira-gostos indeléveis e bebidas quentes e geladas.

As concorridas espeluncas eram armadas ao longo do muro do Colégio Nossa Senhora das Neves, na Praça Dom Ulrico, entre a própria Ladeira da Borborema e a de São Francisco.

Hoje, bastante utilizada como trânsito entre as partes alta e baixa de João Pessoa, a Ladeira da Borborema, que ainda exibe marcas do tempo, em forma de pedra calcárea em seu meio-fio, continua a ser um espaço vivo, onde passado e presente se encontram.

Iniciativas culturais e artísticas que ocorrem em suas adjacências são uma prova de que, mesmo com o passar dos séculos, o lugar mantém relevância e vitalidade, preservando suas raízes históricas enquanto se presta a novas formas de expressão.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba